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A saga de encontrar uma vaga

O tubaronense Manoel Augusto da Costa Oenning atualiza o seu currículo com frequência para buscar uma vaga melhor remunerada no mercado de trabalho
O tubaronense Manoel Augusto da Costa Oenning atualiza o seu currículo com frequência para buscar uma vaga melhor remunerada no mercado de trabalho

 

Zahyra Mattar
Tubarão
 
A saga para conseguir espaço em um mercado de trabalho cada vez mais competitivo e voraz não é nenhuma novidade. Por outro lado, a sobra de vagas na região remete a uma realidade pouco explorada. Se por um lado os patrões exigem cada vez menos experiência para facilitar a contratação e suprir a demanda, por outro quem tem gabarito exige salário.
 
E estas duas premissas nem sempre trilham o mesmo caminho. Desempregado desde o dia 22 de março, o jovem tubaronense Manoel Augusto da Costa Oenning, 27 anos, já recusou oportunidades por causa do baixo salário oferecido.
 
“Busco algo que pague, no mínimo, um pouco a mais do que o meu último trabalho. Tem vaga e tem quem queira vestir a camisa da empresa, o problema é que oferecem pouco, tanto em salário quanto de crescimento”, avalia Manoel.
 
No tempo que atuava como operador de máquinas em uma indústria de Tubarão, ele fez curso para elevar a sua carteira de habilitação à categoria D e começou a fazer um curso técnico de eletro-mecânica para ampliar ainda mais as chances de boas colocações no mercado de trabalho.
 
“Tenho outras oportunidades em vista, ambas como motorista. Mas ainda negocio o salário ou outros benefícios. Espero que dê certo logo”, torce Manoel.
 
Baixo salário x qualificação
Atualmente, a média salarial oferecida em Tubarão é de R$ 840,00. Cerca de 60% da população ativa recebe mais ou menos este valor. Quem tem qualificação não se sujeita a trabalhar por este montante.
 
Resultado: o que mais tem é vaga de emprego, mas sem interessados em preenchê-las. Um outro aspecto que mudou nos últimos anos é que hoje as vagas que oferecem os maiores salários são justamente aquelas que muita gente foge: pedreiro, eletricista e faxineiro.
 
O vencimento mensal pode chegar a R$ 2 mil. “A situação de Tubarão é ainda um pouco diferenciada porque o setor que mais emprega é o de serviços, cuja média salarial é a mais baixa”, identifica o supervisor do Sine, Mario Cesar de Carvalho.
 
O segmento é responsável por empregar, atualmente, 15 mil pessoas. Na sequência, está o comércio, com nove mil trabalhadores, e depois a indústria, com cerca de cinco mil.
 
“O dinheiro gira. Ele sai do comércio, por exemplo, para voltar para o comércio. A nossa realidade somente vai melhorar quando houver investimento para atrair novos investimentos no setor industrial”, analisa Mario Cesar.
 
A realidade de Tubarão
• Quantidade de trabalhadores com carteira assinada até 31 de março: 40.003 pessoas.
• Empregos gerados entre janeiros e março deste ano: 1.330.
• Vagas disponíveis no Sine: 87.
 
♦ Indústria
• Pessoas empregadas: 11.017. 
• Saldo entre janeiro e março deste ano: positivo em 415 vagas.
 
♦ Construção civil
• Pessoas empregadas: 2.023.
• Saldo entre janeiro e março deste ano: negativo em 61 vagas.
 
♦ Comércio
• Pessoas empregadas: 10.633.
• Saldo entre janeiro e março deste ano: positivo em 227 vagas.
 
♦ Serviços
• Pessoas empregadas: 16.235.
• Saldo entre janeiro e março deste ano: negativo em 757 vagas.
 
♦ Agropecuária
• Pessoas empregadas: 95.
• Saldo entre janeiro e março deste ano: negativo em 8 vagas.
 
Fonte: Sistema Nacional de Empregos (Sine) de Tubarão. 
Os dados são referentes ao período entre 1º de janeiro e 31 de março deste ano. 
 
Bom currículo não garante emprego
As facilidades de acesso à educação superior fizeram com que muitas pessoas agarrassem esta oportunidade para ampliar o conhecimento e, consequentemente, tenham chance de melhorar o salário.
 
Contudo, nem todos conseguem o sonhado emprego apenas por que têm diploma. Pelo contrário. Em alguns casos, o problema está justamente no currículo.
 
É o caso da pedagoga Margareth Rech, 54 anos. Pós-graduada em psicopedagogia, ela morava em Orleans e era instrutora em um centro de formação de condutores. Mudou-se há três mês para Capivari de Baixo e até agora não conseguiu reinserir-se no mercado de trabalho. 
 
O motivo: tem um currículo considerado muito bom. “Não importa o emprego, preciso de um trabalho e com urgência. Já fui em incontáveis entrevistas, mas todos me dispensam porque acham que o salário é baixo para o meu currículo”, lamenta Margareth.
 
Ela também conseguiu duas vagas em CFCs de Tubarão, mas não pôde ficar com a vaga porque é preciso fazer o curso de reciclagem. As aulas são em Criciúma, mas ainda é preciso esperar fechar turma. “Sabe Deus quando isso vai ser. E outra: como vou pagar se não consigo nem uma vaga de faxineira? É muito frustrante. Não me importa o salário, eu quero é trabalhar”, branda Margareth.
 
Indústria puxa a geração de empregos em março
O índice de geração de empregos no Brasil, em março, manteve positivo graças ao desempenho da indústria de transformação. Santa Catarina foi o sétimo estado a abrir e manter mais postos de trabalhos no período.
Assim como em nível nacional, a indústria, ainda que com índice pequeno, foi a responsável pelo número positivo. Entre os municípios que mais geraram empregos no mês, destaque para Joinville, Blumenau e Itajaí.
Na região, Tubarão ficou na 15ª colocação entre as cidades que mais abriram vagas de trabalho: foram 233. Laguna ocupa a 28ª posição, com apenas uma vaga positiva em março. Imbituba é a 31ª, com o saldo negativo em -80 postos de trabalho.
 
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