Início Geral Alguém veio lhe perguntar?

Alguém veio lhe perguntar?

De forma geral, os conhecimentos científicos e tecnológicos vêm tornando-se cada vez mais úteis e imprescindíveis à vida cotidiana. E, indiscutivelmente, a presença da ciência e da tecnologia no dia a dia das pessoas é hoje amplamente reconhecida.

As transformações tecnológicas estão acontecendo em toda parte, e numa velocidade estonteante, atingindo os setores de ponta do poder político e econômico (segurança, produção e distribuição de bens, serviços, sistema financeiro). Assim como, as salas de aulas e o interior de nossas casas.

A indústria vê-se forçada a investir em tecnologias avançadas; as escolas ou se tornam contemporâneas de seu tempo, com o uso das tecnologias de informação e de comunicação ou terão suas salas esvaziadas; os trabalhadores ou aprendem a lidar com os aparelhos tecnológicos ou dificilmente encontrarão emprego. As transformações acontecem até, na maneira como a alta tecnologia é produzida e utilizada.

Assuntos dos mais relevantes centram-se em temas científicos: novas vacinas e terapias, alimentos transgênicos, biocombustíveis, clonagem genética, mudanças climáticas, nanotecnologia, biotecnologia, energia nuclear entre outros. E, na maioria das vezes somos obrigados a incorporar a tecnologia sem nem mesmo opinarmos. Ou alguém lhe perguntou se você queria um cartão de banco por aproximação? Ou se desejava pagar suas contas com QR Code ao invés do código de barras (ou do carnê)? Ou se ia gostar de um aparelho com múltiplas funções que também é telefone? Aposto que não!

Enfim, o que quero ressaltar é que as mudanças tecnológicas e a inovação somente terão efeitos socialmente benéficos se o contexto cultural, político e social estiver preparado para absorvê-las e incorporá-las, e para atingir as transformações estruturais que serão exigidas. A tecnologia não pode ser resumida a uma mera transferência de recursos, uma modernização ou a algo incontestável e inevitável; assim, só vai aumentar a desigualdade social. A tecnologia não é um fator independente, nem tampouco neutro e, por isso, sua interferência deve considerar a formação histórica, política, social, religiosa e cultural da sociedade.

Contudo, infelizmente esta não é uma concepção clara e abertamente disseminada. E, muitas vezes, as instâncias educacionais e sociais em cujo escopo deveria estar à divulgação e reflexão sobre este tema, não trabalham com conhecimentos e aculturamentos que promovam uma atuação crítica-reflexiva nos indivíduos.

Nas escolas e universidades, não são raros os alunos que não conseguem estabelecer uma relação entre a teoria ensinada na sala de aula e, a sua prática cotidiana, pois as informações recebidas não apresentam relações com sua realidade e necessidades; nem tampouco, estimulam a criatividade, o questionamento, o sentimento de pertencimento, o significado e, consequentemente, a formação de uma visão global de mundo.

Perde-se dessa forma, um leque de possibilidades que tirariam o indivíduo de seu pequeno mundo e o remeteriam a uma dimensão maior, onde a análise, a crítica, a reflexão, a contestação e a interação, passariam a fazer parte da realidade dos alunos.

Nesta toada, estudar as dimensões sociais da ciência e da tecnologia, seus efeitos sobre a sociedade e a vida humana, precisa ganhar caráter de urgência em nosso país, já que este nutre o desejo de otimizar as transformações pautadas no desenvolvimento tecno científico.

Assim, exerceremos com mais facilidade a participação política e nos posicionaremos com maior segurança aos estilos tecnocráticos vigentes.

*Consultora em atividades relacionadas a Inovação e Empreendedorismo, possui Doutorado em Educação Cientifica e Tecnológica, Mestrado em Educação, Graduação em Serviço Social e Graduação em Pedagogia. Estuda as implicações sociais da Ciência e da Tecnologia, no intuito de debater sob uma perspectiva crítica, a equação civilizatória contemporânea e fomentar uma postura reflexiva na sociedade.
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