Cíntia Abreu
Tubarão
Todos, de uma certa maneira, são responsáveis pela vida de outras pessoas. O instrutor de auto escola é um exemplo de profissional que pode formar bons ou maus motoristas. Será que ele pode ser responsável pelos atos de seus alunos?
O trabalho deste profissional foi o assunto discutido na requalificação de instrutores de trânsito, promovido pelo Sindicato das Auto Escolas de Santa Catarina (Sindemosc) e o Instituto de Certificação de Pesquisa de Trânsito (Icetran), nesta sexta-feira, na auto escola Record, em Tubarão. “Precisamos nos reciclar sempre. A legislação muda muito”, sublinha a psicóloga especialista em trânsito Rosângela Bittencourt, coordenadora do curso.
Na opinião dela, a maior dificuldade do trabalho de instrutor é a falta de consciência dos alunos. “Dificilmente, com 20 horas de aula, ele sai da auto escola totalmente qualificado. Muitos acham que estão prontos para enfrentar o trânsito da BR -101”, argumenta a psicóloga.
A legislação, técnicas de ensino e direção defensiva foram os assuntos reavaliados no curso, que se estende na próxima semana. “Quem quer seguir esta profissão, além de ter dois anos de carteira de habilitação, 21 anos, 120 horas de capacitação, tem que ter didática, tranquilidade e paciência”, salienta Rosângela.
Para a psicóloga, os vícios de conduta estão entre as barreiras para o aprendizado. “Os alunos que chegam à auto escola com noções de direção dificultam as atividades, pois trazem vícios de outros motoristas”, exemplifica.
São 39 anos de
profissão e paciência
A instrutora de trânsito com mais tempo de serviço em Santa Catarina trabalha na auto escola Record. Dona Isaura Rabelo, há 39 anos na profissão, conta que nem tudo foram flores. O preconceito foi o companheiro nada agradável da professora no início da carreira. “Nunca esquecerei do dia 14 de 1988, meu primeiro dia de trabalho. Apesar da felicidade, nem todos aceitavam meus ensinamentos”, lembra Isaura.
Ela começou em Chapecó, onde encontrava um ônibus lotado de homens que se negavam em ter aulas com uma mulher. “Eram trabalhadores rurais, foi muito difícil Mas hoje não percebo mais o preconceito. Os alunos mais agitados são direcionados às minhas aulas”, conta a instrutora.
Ele reafirma que a paciência e o dom de saber lidar com pessoas de diferentes personalidades, são as receitas da profissão.