A Justiça da Argentina determinou, no último domingo (30), o bloqueio de 22 aplicativos de streaming pirata, muitos deles amplamente utilizados por consumidores no Brasil. Entre os serviços derrubados estão BTV, Red Play, Blue TV e Football Zone, usados para acessar ilegalmente filmes, séries e transmissões esportivas.
A ação representa a segunda fase da ofensiva internacional contra plataformas de IPTV irregular. No início de novembro, outros 14 serviços já haviam sido retirados do ar após operações que incluíram buscas em escritórios com estrutura completa, até mesmo setor de Recursos Humanos.
Mais de 2 milhões de assinantes afetados
Segundo a Alianza, associação que reúne empresas de combate à pirataria audiovisual, as plataformas agora bloqueadas somavam mais de 2 milhões de usuários apenas nesta etapa. Os aplicativos eram comuns em TV boxes – dispositivos que permitem instalar apps e transmitir conteúdo na televisão.
Apesar de permitidos no Brasil, os aparelhos precisam ser certificados pela Anatel. Quando usados para acessar conteúdo pirata, passam a configurar irregularidade.
No domingo, vários usuários relataram que o aplicativo BTV apresentou erro 503, indicando falha no servidor após o bloqueio.
Lista dos 22 apps derrubados pela Justiça da Argentina
ALA TV • Blue TV • Boto TV • Break TV • BTV App • BTV Live • Duna TV • Football Zone • Hot • Mega TV • MIX • Nossa TV • ONPix • PLUSTV • Pulse TV • Red Box • RedPlay Live • Super TV Premium • Venga TV • Waka TV • WEIV • WeivTV – Nova.
Procon-SP alerta: consumidor perde direitos ao usar serviços ilegais
Com o apagão dos aplicativos, muitos usuários procuraram plataformas como o ReclameAqui. Contudo, o Procon-SP reforça que quem compra um serviço sabidamente ilegal abre mão de seus direitos como consumidor.
Isso porque, na maioria das vezes, as empresas não são formalizadas, o que impossibilita que órgãos de defesa do consumidor as responsabilizem.
Operações de combate seguem em vários países
A Anatel não participou desta operação argentina, mas reforça que recomenda apenas dispositivos certificados, tanto por segurança quanto para evitar práticas ilícitas.
A ofensiva integra um esforço mais amplo na América Latina contra a pirataria. Apenas na última quinta-feira (27), a Operação 404, coordenada pelo Ministério da Justiça brasileiro, bloqueou 535 sites e um aplicativo de streaming pirata. Essa ação não tem relação com a ordem judicial da Argentina.
Primeira etapa teve 6,2 milhões de usuários
Na primeira fase, os serviços derrubados incluíram My Family Cinema, TV Express, Eppi Cinema, Vela Cinema, Cinefly, Yoom Cinema, entre outros — que tinham cerca de 6,2 milhões de assinantes, sendo 4,6 milhões no Brasil.
Os usuários pagavam entre US$ 3 e US$ 5 por mês (R$ 16 a R$ 27) pelos serviços ilegais. A Alianza estima que o faturamento anual do esquema variava entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões — mais de R$ 1 bilhão.
A investigação começou em 2024, quando a Alianza denunciou as plataformas ao Ministério Público Fiscal de Buenos Aires. Em agosto de 2025, buscas foram autorizadas em quatro escritórios na Argentina, responsáveis por marketing e vendas, enquanto a infraestrutura técnica estava hospedada na China.
