Vivemos a era do excesso de eficiência.
Do “se dá pra automatizar, automatiza”. Das promessas fáceis de gurus de LinkedIn que juram que têm o segredo da prospecção perfeita: 87 mensagens automáticas por dia, funil cheio, 43 reuniões na agenda.
E aí você olha pra sua operação, que está tentando equilibrar qualidade, relacionamento e posicionamento, e se sente culpa por estar ultrapassado e lento.
Mas deixa eu te contar uma coisa: tem muita empresa automatizando demais, publicando maravilhas nas redes sociais para ganhar engajamento, mas vender mesmo é só curso prometendo milagre.
Não quero generalizar. Tem muita coisa boa por aí, mas não é a maioria que se vê.
A personalização mudou de nível. Entenda isso!
Mesmo automatizando a personalização com um n8n vinculado a uma IA que torna a mensagem mais bonita e fundamentada por dados, ainda carece muito da percepção humana e da profundidade do relacionamento.
O discurso é genérico, raso, forçado. Por mais que esteja bem escrito! É a famosa abordagem “não sei nada sobre você, mas quero marcar uma call”, agora escrita de forma poética.
O que deveria ser uma ponte de confiança virou um robô ansioso tentando agendar qualquer coisa com qualquer um. E o resultado, claro, é previsível: você vai ter sim mais reuniões agendadas. Mas a que custo?
A cada 300 abordagens, uma reunião. Claro que, feito de forma super rápida pela automação, dá pra fazer mil abordagens por dia. Mas precisamos entender o que acontece com esses 299 que disseram não.
Em vendas, o NÃO faz parte do jogo.
Então, qual o problema? Esse “não” é diferente. Enquanto em vendas nos acostumamos a levar NÃOs como forma de validação de que aquele lead não era nosso perfil de cliente, ou que não estava no momento certo de compra, ou não tinha nenhuma dor latente… a automação excessiva produz muitas negativas no sentido: “lá vem mais um com uma abordagem ‘personalizada’ querendo me vender algo”.
Não é um “no momento não tenho interesse, obrigado.” mas sim um “sai pra lá, chato!”
Isso acaba com a sua marca, e de forma automatizada!
O marketing já entendeu. As vendas precisam entender também.
Marketing aprendeu, muitas vezes na marra, que resultado sem posicionamento é fogo de palha. Agora é a vez do time de vendas passar pela mesma lição.
Prospectar não é caçar qualquer um. É criar relacionamentos, relevância, entender o timing, o contexto, o perfil. É respeitar o lead e o tempo dele.
Automação, quando bem feita, acelera esse processo genuíno. Mas quando é mal pensada, acelera apenas o desgaste.
A obsessão pela eficiência está matando a estratégia
Toda semana me deparo com empresas que colocaram ferramentas robustas de automação, playbooks “imbatíveis”, fluxos lindos de prospecção… No meu LinkedIn vem pelo menos umas três pessoas de vendas com abordagens como “Olá [nome], vi que você é [cargo] na [empresa] e entendo que sua rotina deve ser cheia de desafios! Deixa eu te contar uma coisa…”
É sério que isso funciona? Existe mesmo pessoas tão carentes no mundo a ponto de serem persuadidos por uma mensagem assim?
A tecnologia é incrível, mas ela precisa de direção, a qual vem dos seus fundamentos. Da base e dos valores da sua empresa, com contexto, missão e estratégia.
Se tem algo que sustenta um bom funil, é a confiança construída em cada etapa. E confiança, meu amigo, não se terceiriza para um robô inteligente!
Você pode usar automação? Claro.
De qualquer jeito, só para ganhar volume? Nem pensar.