“Não há dúvidas. Renato Henrique Openkoski e Aline da Cunha Souza desviaram recursos da campanha AME Jonatas. Eles levavam uma vida de luxo, as custas do dinheiro arrecadado que deveria ser utilizado no tratamento do menino. A viagem do casal a Fernando de Noronha foi paga com estes recursos”.
As frases são da delegada de proteção à criança, adolescente, mulher e idoso de Joinville, Geórgia Bastos. Foi ela quem comandou a investigação do caso AME Jonatas e concluiu que Renato e Aline, pais de Jonatas usaram os recursos arrecadados na campanha de forma irregular.
Jonatas Openkoski completou dois anos no dia 21 de junho. Quando ele nasceu foi diagnosticado com AME (Atrofia Muscular Espinhal), do tipo 1. Esta é uma doença rara e grave que afeta os músculos do corpo. O tratamento é bastante caro, feito à base de um medicamento importado, chamado Spinraza. Cada dose custa R$ 350 mil.
Sem ter como arcar com os custos do tratamento, Aline e Renato deram início a campanha AME Jonatas. Em pouco mais de um ano eles arrecadaram R$ 4 milhões. Jonatas já tomou cinco doses do Spinraza e vem respondendo bem ao tratamento.
A Polícia Civil começou a investigar o casal depois que denúncias junto ao Ministério Público de Santa Catarina alertavam que Renato e Aline estariam desviando o dinheiro arrecadado em benefício próprio. Foram os parentes de Renato e Aline quem fizeram as primeiras acusações contra o casal.
A investigação da delegada Geórgia Bastos ouviu mais de 30 pessoas, entre familiares, amigos, doadores e equipe médica. Renato e Aline também foram interrogados, mas durante o depoimento preferiram ficar em silêncio.
Com o término do inquérito, Renato e Aline foram indiciados pelos crimes de apropriação indébita e estelionato, e pediu a prisão preventiva de Renato. O médico Danny César de Oliveira Jumes também foi indiciado pelo crime de falso testemunho.
Renato e Aline ainda poderão ser investigados em um outro processo por suspeitas de crime de lavagem de dinheiro da campanha. A delegada também deixou claro que, apesar do desvio dos recursos da Campanha AME Jonatas, não há nenhuma negligência no tratamento do menino.
No início da noite desta segunda-feira (30) a delegada falou com a imprensa sobre o caso. Veja quais foram as conclusões que ela chegou ao final das investigações.
O que acontece a partir de agora
De acordo com a delegada da Polícia Civil Geórgia Bastos, o próximo passo será o Ministério Público de Santa Catarina avaliar o inquérito criminal. “O promotor poderá denunciar os indiciados, arquivar o processo, ou pedir novas diligências à Polícia Civil. Na sequência este pedido, juntamente com o inquérito é encaminhado ao juiz que determinará os rumos do caso”, comenta a delegada.
Se condenados pelos crimes de apropriação indébita e estelionato Renato e Aline podem pegar até nove anos de prisão.