
Zahyra Mattar
Tubarão
Sutis alfinetadas e tranquilidade foram as máximas do primeiro debate com os candidatos a prefeito de Tubarão, neste sábado, realizado por meio de uma parceria entre o Notisul e a Rádio Som Maior FM (95,9).
Os quatro postulantes ao cargo – Carlos Stüpp (PSDB), Edinho Bez (PMDB), Olavio Falchetti (PT) e Pepê Collaço (PSD) – explanaram suas ideias sob a mediação do jornalista Adelor Lessa.
Como em estratégia de guerra, os candidatos foram bastante comedidos nas respostas e perguntas entre si. Era como se estivessem em missão de reconhecimento de terreno. O que não deixa de ser verdade. Sem causar grandes polêmicas, eles optaram por ouvir mais e, em certas ocasiões, sair pela tangente.
As dificuldades financeiras da prefeitura foi o tema que abriu a discussão. Edinho Bez perguntou se eram verdade as declarações dadas pelo prefeito Pepê Collaço ao Notisul, na entrevista deste fim de semana.
Pepê não apenas confirmou, como aproveitou para deixar o recado: “Transparência será minha marca. Esta é a conduta mínima esperada de um gestor. Esta é a minha forma de trabalhar”. Indagado por Olavio sobre a falta de projetos na prefeitura, Stüpp disparou:
“A cidade que recebi foi bem diferente da que entreguei. Fiz muitos projetos e tivemos sim a aplicação de recursos federais”. O candidato petista lembrou das faltas da negativas de débito, em virtude do projeto mal sucedido da retirada dos trilhos da Marcolino Martins Cabral.
A obra, iniciada e embargada no governo do tucano, ainda hoje é motivo para a falta das negativas federais, o que impede a vinda de mais recursos, como o acesso aos R$ 15 milhões do Badesc.
“O que falta para resolver esta questão é vontade política. Ainda que você afirme que o governo do PT não discrimine ninguém, politicamente discrimina sim”, respondeu Stüpp.
Olavio não perdoa Pepê
Defensor da chapa pura, o candidato do PT, Olavio Falchetti, foi indagado por Pepê Collaço, concorrente do PSD, como organizaria a prefeitura. “Enxugar a máquina é importante. Os cargos comissionados devem ser diminuídos. Assim, sobra dinheiro para investir”, respondeu o petista.
Pepê aproveitou a deixa: “Com economia dá para fazer muito. E vejo isso na prática hoje. É simples, fácil. Basta economizar e ter uma gestão eficiente”. Olavio não perdoou: “Por que não fiz isso antes? Você fazia parte da coligação, não fazia? Eu vou enxugar a estrutura e economizar desde o primeiro dia, não depois”, decretou o petista.
Sttüp e Edinho se estranham
O assunto era infraestrutura. Carlos Stüpp, candidato do PSDB, perguntou para Edinho Bez, concorrente do PMDB, o que ele planeja na área: “É um setor carente na cidade. É horrível. Existem muitas obras mal acabadas e inacabadas”, comentou o peemedebista. Stüpp não gostou.
“Você mora em Tubarão a pouco tempo, então não deve estar por dentro. Quando fui prefeito, a comunidade de Congonhas, isso só para citar uma, sofria com a falta de infraestrutura. Veja como está hoje: bem melhor. Era assim na maioria das comunidades interioranas, todas esquecidas”, devolveu o tucano.
Edinho foi mais do que direto na tréplica: “Parece que você se sentiu ofendido. Mas tem obra inacabada em Tubarão. Você faz parte do PSDB, um partido que completa 12 anos de mandato e não terminou muita coisa do que começou. Atesto: o que vocês fizeram em 12 anos, eu farei em quatro”.
O passado em evidência
O debate entre os candidatos a prefeitura de Tubarão, neste sábado, na Rádio Som Maior FM, também serviu para ‘cavocar’ o passado. O peemedebista Edinho Bez lembrou do fato do ex-prefeito e candidato do PSDB, Carlos Stüpp, não ter tido todas as contas aprovadas pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE): “Como fará a aplicação da Lei de Responsabilidade Fiscal?”.
Stüpp prontamente rebateu. “Nos oito anos de mandato sempre tive minhas contas aprovadas. Mais do que isso: defendo a lei, que veio para fazer diferente, para mudar o país. Recebi a prefeitura com 70% do orçamento empatado em dívidas. Não só ampliei a receita, como entreguei a gestão praticamente sem saldo a pagar”, devolveu Stüpp.
Detalhe: o tucano sucedeu Genésio Goulart, um dos maiores líderes do PMDB na cidade. Edinho entendeu o recado e insistiu: “Suas contas não foram aprovadas em cinco dos oito anos. Na verdade o TCE fez ressalvas. Quem aprovou foi a câmara. O meu vice – Deka May, do PP – votou contra”.
“Em um ano ele votou contra. No outro votou favorável. As ressalvas do TCE são meramente técnicas. Não me arrependo de nenhuma decisão sequer enquanto prefeito”, pontuou Stüpp.
Edinho lança desafio para os concorrentes
Como o passado permeava boa parte do debate, Pepê seguiu pelo mesmo caminho e perguntou para Edinho o que ele achava da regionalização do orçamento.
“O passado é importante para traçar o futuro. Por isso vou apresentar um plano de governo jamais visto na cidade. Sei onde buscar os recursos. Desafio os colegas candidatos se têm maior capacidade de buscar recursos como Edinho Bez, seja junto ao estado, seja junto ao governo federal”, lançou o peemedebista.
Sem rodeios, Pepê devolveu: “Gostaria que respondesse a minha pergunta”. Edinho respondeu o óbvio: “É fundamental. O orçamento deve ser feito junto com as comunidades. Quero um governo participativo”, resumiu o candidato do PMDB.