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A fratura de pênis é uma condição médica rara, mas grave, que exige atendimento imediato. Ocorre quando há ruptura da túnica albugínea, uma membrana que envolve os corpos cavernosos do pênis, geralmente após um trauma durante a ereção — mais comum em relações sexuais vigorosas ou masturbação agressiva.
Embora o tema ainda seja cercado de constrangimento, médicos alertam que a demora em procurar atendimento pode causar complicações permanentes, incluindo deformação peniana e disfunção erétil.
Incidência e dados brasileiros
A incidência real da fratura peniana é subestimada, já que muitos pacientes evitam procurar socorro imediato. Estudos brasileiros indicam que o problema afeta cerca de 1 em cada 175 mil homens ao longo da vida, com maior ocorrência entre 27 e 35 anos.
Pesquisas realizadas em hospitais de Minas Gerais e no Sul do país mostram que 80% dos casos ocorrem durante o ato sexual, enquanto o restante está associado à masturbação, quedas ou até traumas durante o sono.
Segundo urologistas, o mecanismo típico é uma flexão súbita e forçada do pênis ereto, que rompe a túnica albugínea e causa hemorragia interna imediata.
“O paciente normalmente ouve um estalo, sente dor intensa e perde a ereção instantaneamente. O pênis incha e adquire formato curvado, o que chamamos de deformação em ‘berinjela’”, explica um urologista em publicação da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU).
Causas mais comuns
As situações mais associadas à fratura peniana incluem:
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Relações sexuais vigorosas (principal causa);
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Masturbação agressiva;
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Prática cultural conhecida como taqaandan, que consiste em dobrar o pênis ereto para provocar um “estalo”;
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Traumas acidentais, como quedas ou movimentos bruscos durante o sono.
Em alguns casos, há também lesão uretral, registrada em 11% a 22% dos pacientes, o que pode provocar sangramento pela uretra (uretrorragia) e dificuldade para urinar.
Complicações e riscos
A fratura peniana é uma emergência urológica. O diagnóstico é clínico e o tratamento precisa ser realizado o quanto antes. A demora pode levar a sequelas como:
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Deformação peniana permanente (em cerca de 14% dos casos);
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Disfunção erétil (em 5% a 6% dos casos);
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Formação de nódulos e fibrose;
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Sensibilidade alterada no glande;
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Lesão uretral ou dificuldade urinária persistente.
Médicos alertam que, mesmo sendo raro, o quadro não deve ser ignorado ou tratado em casa.
Tratamento e recuperação
O tratamento padrão é cirúrgico e deve ser feito nas primeiras 48 horas após o trauma. A cirurgia reconstrutiva permite reparar a túnica rompida e preservar a função erétil.
Estudos clínicos brasileiros mostraram que pacientes operados rapidamente recuperam a função sexual em poucas semanas e apresentam baixo índice de curvatura peniana residual.
O uso de anti-inflamatórios, resfriamento local e repouso sexual por cerca de 30 dias fazem parte do pós-operatório.
“A cirurgia precoce garante melhores resultados e evita sequelas permanentes. O atendimento tardio é o principal fator de complicação”, destaca um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Quando procurar ajuda médica

Os principais sinais que indicam uma possível fratura de pênis são:
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Estalo súbito durante o ato sexual ou masturbação;
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Dor intensa e imediata;
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Perda instantânea da ereção;
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Inchaço e hematoma;
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Deformidade visível;
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Sangramento pela uretra.
Diante desses sintomas, o paciente deve procurar um pronto-atendimento imediatamente e solicitar avaliação de um urologista.
Conscientização e quebra de tabu
Apesar de ser uma emergência médica conhecida pelos especialistas, a fratura peniana ainda é um tema tabu no Brasil. O constrangimento leva muitos homens a adiar o atendimento, o que aumenta o risco de sequelas.
Campanhas de conscientização da Sociedade Brasileira de Urologia reforçam que buscar ajuda rápida é essencial e que o tratamento cirúrgico tem altas taxas de sucesso quando feito a tempo.
“A vergonha não pode ser maior que a saúde. Quanto antes o paciente procurar ajuda, melhor será o resultado”, reforçam os especialistas.