Na noite de segunda-feira (27), professores da rede municipal de Gravatal participaram de uma palestra sobre revelação espontânea, conduzida pela assistente social Patrícia Maia, no Salão Paroquial da cidade. O encontro teve como foco preparar os educadores para acolher relatos de violência feitos por crianças e adolescentes, conforme prevê a legislação.
Palestra orienta educadores sobre acolhimento e legislação
A revelação espontânea acontece quando uma criança ou adolescente relata, por conta própria, situações de violência vividas ou testemunhadas. A capacitação teve como objetivo ensinar os profissionais da educação a identificar sinais, acolher corretamente o relato e realizar os encaminhamentos legais previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA – Lei 8.069/1990) e na Lei Henry Borel.
Durante a palestra, Patrícia Maia enfatizou que o ambiente escolar é um dos mais seguros para que as vítimas se abram. “A revelação espontânea pode ser a única oportunidade de interromper um ciclo de violência. Se o profissional não compreender a importância da acolhida e não souber como agir, corre-se o risco de desacreditar o relato, revitimizar a criança ou até colocar sua segurança em maior risco”, alertou.
Atitudes inadequadas e consequências
Segundo a assistente social, muitos educadores, mesmo com boas intenções, acabam cometendo erros ao lidar com essas situações. Entre os equívocos mais comuns estão:
-
Tentar investigar o caso por conta própria
-
Prometer segredo ao aluno
-
Minimizar ou duvidar do relato feito pela criança
“O papel da escola não é investigar, mas acolher, registrar e encaminhar a situação aos canais adequados, como Conselho Tutelar, Ministério Público ou Delegacia”, reforçou Patrícia.
Como identificar sinais de revelação espontânea
A especialista também explicou que há comportamentos que podem sinalizar que uma criança está prestes a fazer uma revelação espontânea. Entre os principais indicativos estão:
-
Mudanças repentinas de comportamento
-
Comentários indiretos sobre violência
-
Ansiedade ou dificuldades de concentração
-
Busca por aproximação afetiva com professores
“Cada revelação espontânea é um pedido de ajuda, e a forma como o profissional reage pode significar a diferença entre a continuidade da violência e a chance real de proteção”, completou.
Gravatal fortalece atuação das escolas com capacitação contínua
A secretária municipal de Educação, Andréia Asmann, destacou a importância da capacitação contínua como forma de preparar as escolas para lidar com temas sensíveis de maneira eficaz e humanizada.
“Estamos capacitando os profissionais da educação visando normatizar o atendimento à criança e ao adolescente vítima ou testemunha de violência, garantindo que seja realizado de maneira ética, protetiva e humanizada”, afirmou a secretária.
