Início Tecnologia IA acerta decisões humanas em testes com até 64% de precisão

IA acerta decisões humanas em testes com até 64% de precisão

Foto: Reprodução das mídias - Divulgação: Notisul

Um novo modelo de inteligência artificial chamado Centaur conseguiu prever decisões humanas com até 64% de acerto. Desenvolvido por uma equipe internacional de pesquisadores na Alemanha, o sistema foi treinado com milhões de decisões reais feitas por pessoas em experimentos psicológicos.

A capacidade da inteligência artificial de descrever padrões de linguagem é conhecida. Mas e quando o objetivo é prever como pensamos ou tomamos decisões? Essa é a proposta por trás do Centaur, modelo desenvolvido no Helmholtz Center for Human-Centered AI, em Munique, na Alemanha.

Testes com 60 mil pessoas e 10 milhões de decisões

A base do Centaur é um modelo de linguagem de código aberto da Meta AI. Para treiná-lo, os pesquisadores alimentaram a IA com os resultados de 160 experimentos comportamentais, que reuniram cerca de 60 mil voluntários.

Os participantes foram expostos a diferentes cenários de tomada de decisão, como categorizar objetos ou decidir apostas em jogos. Com isso, o Centaur analisou mais de 10 milhões de decisões.

Durante a fase de testes, os pesquisadores ocultaram 10% dos dados e avaliaram a capacidade do modelo de prever como os voluntários se comportariam. O resultado surpreendeu: em alguns casos, a IA acertou até 64% das escolhas humanas.

Previsões até em situações novas

Um dos pontos mais promissores do Centaur é sua capacidade de generalização. Mesmo quando os testes eram modificados — com perguntas ou estruturas diferentes das que ele já havia “visto” —, o modelo manteve um desempenho sólido.

Segundo Clemens Stachl, diretor do Instituto de Ciência e Tecnologia Comportamental da Universidade de St. Gallen, o diferencial do Centaur está na tradução de dados comportamentais para a linguagem, permitindo que a IA “entenda” como as pessoas tomam decisões.

Uso prático e preocupações éticas

Além das pesquisas em psicologia, o modelo pode ter aplicação prática em setores como varejo, educação, marketing, segurança e até no ambiente militar. Isso porque ele ajuda a prever comportamentos humanos, como preferências de compra, reações a estímulos e padrões de consumo.

Stachl destaca que empresas já utilizam sistemas semelhantes. Plataformas como TikTok, que personalizam o conteúdo de forma precisa, são exemplos de IA aplicada à previsão de comportamento. O mesmo vale para assistentes como ChatGPT e Copilot.

Contudo, o especialista alerta que o uso dessa tecnologia também traz riscos. “Esses modelos podem nos tornar previsíveis e levar à dependência digital ou até à ‘escravidão algorítmica’”, afirma.

Reflexão social e política

O avanço da IA em prever decisões humanas é, segundo Stachl, uma questão que extrapola a ciência. Ele defende que a sociedade — incluindo juristas, políticos e cidadãos — deve participar da discussão sobre os limites e a regulação desse tipo de tecnologia.

“Estamos diante de um novo patamar da inteligência artificial. A pergunta agora não é se ela pode prever o que faremos, mas como queremos que essa capacidade seja usada.”

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