Início Geral Morre Silvio Tendler, um dos maiores documentaristas do Brasil, aos 75 anos

Morre Silvio Tendler, um dos maiores documentaristas do Brasil, aos 75 anos

Foto: Reprodução das míidas - Divulgação: Notisul

O cineasta Silvio Tendler, referência do cinema documental brasileiro, morreu nesta sexta-feira (5), aos 75 anos, no Rio de Janeiro. Ele estava internado no Hospital Copa Star, em Copacabana, e faleceu em decorrência de uma infecção generalizada.

A morte foi confirmada pela filha, Ana Rosa Tendler. O cineasta enfrentava há uma década uma neuropatia diabética, condição que o levou a utilizar cadeira de rodas desde 2011.

Conhecido como o “cineasta dos sonhos interrompidos” ou “cineasta dos vencidos”, Tendler dedicou mais de cinco décadas de carreira à produção de documentários sobre personalidades políticas e culturais do Brasil, como João Goulart, Juscelino Kubitschek, Carlos Marighella e Glauber Rocha.

Legado no cinema e na memória política

Ao todo, Silvio Tendler produziu e dirigiu mais de 70 filmes e 12 séries televisivas. Entre suas obras mais conhecidas estão Jango (1984), Os Anos JK – Uma Trajetória Política (1980), Glauber, o Filme – Labirinto do Brasil (2003), Encontro com Milton Santos: O Mundo Global Visto do Lado de Cá (2006), Utopia e Barbárie (2009) e Militares da Democracia (2014).

Sua obra é marcada pelo engajamento político e pela defesa da memória histórica, destacando personagens e episódios ligados à democracia e às lutas sociais.

“Silvio Tendler era um guerreiro, não só no final da vida lutando contra a doença, mas sempre, em defesa do cinema brasileiro e das causas em que acreditava”, disse o cineasta e amigo Zelito Viana.

Trajetória e formação

Nascido no Rio de Janeiro em 1950, Tendler iniciou sua carreira no movimento cineclubista, liderando a Federação de Cineclubes do Rio em 1968. Seu primeiro trabalho foi sobre João Cândido, líder da Revolta da Chibata.

Durante a ditadura militar, exilou-se no Chile e na França, onde se formou em História pela Universidade de Paris VII (Paris Diderot) e fez mestrado em Cinema e História na École des Hautes Études – Sorbonne.

Além da produção cinematográfica, Tendler foi professor do Departamento de Comunicação Social da PUC-Rio desde 1979 e se envolveu em políticas públicas para o audiovisual.

Últimos anos e despedida

Mesmo enfrentando limitações físicas, continuou ativo. Lançou em 2021 o documentário Saúde Tem Cura, sobre o SUS, e participou de eventos culturais até 2024. Sua trajetória de superação foi retratada no filme A Arte do Renascimento, de Noilton Nunes.

Silvio Tendler deixa a filha, um neto e mais de cem obras que se tornaram referência para cineastas e historiadores. O velório está marcado para domingo (7), às 11h, no Cemitério Israelita do Caju, no Rio.

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