Santa Catarina, referência nacional e internacional em doação e transplante de órgãos, será palco de um momento histórico no esporte neste domingo, 1º de junho. O catarinense Thiago Regis, de 45 anos, será o primeiro atleta com transplante renal a participar do Ironman Brasil, que acontece em Florianópolis. Thiago recebeu um novo rim em julho de 2023, após nove meses na fila de espera, e desde então vem se preparando para essa conquista.
Desde o diagnóstico de nefropatia grave, em 2014, Thiago nunca deixou de se exercitar. Mesmo durante as sessões de diálise iniciadas em 2022, manteve a rotina de treinos. Ele conta que o esporte foi essencial para sua recuperação: “Durante a minha diálise, continuei dentro das minhas limitações. Foi isso que me ajudou na recuperação. Estar vivo e bem para largar num Ironman é emocionante demais.”
A cirurgia de transplante foi realizada no Hospital Santa Isabel, em Blumenau. Thiago destaca a importância da doação de órgãos com gratidão: “Em um momento de dor, uma família autorizou a doação. Não só salvou a minha vida, mas provavelmente de muitas outras pessoas. Levo essa responsabilidade comigo todos os dias.”
Santa Catarina lidera taxas de doação no país
De acordo com a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), SC tem a segunda maior taxa de doação do Brasil, com 39,3 doadores por milhão de habitantes, mais que o dobro da média nacional, de 19,2 pmp. A recusa das famílias também é uma das mais baixas do país, com apenas 32%, contra 46% no restante do Brasil.
Em 2024, a Central Estadual de Transplantes (SC Transplantes), da Secretaria de Estado da Saúde (SES), registrou 753 notificações de potenciais doadores. Desses, 317 se tornaram doadores efetivos, resultando em um índice de 42,10 pmp em casos de morte encefálica.
Para o coordenador da SC Transplantes, Joel de Andrade, o destaque se deve à estrutura consolidada: “Há mais de 20 anos investimos em capacitação de profissionais, estrutura de transporte terrestre e aéreo, e no compromisso de oferecer um serviço seguro e ágil para catarinenses e pacientes de outros estados.”
Qualquer pessoa pode ser doadora de órgãos
Não é necessário deixar nada registrado em documento oficial para ser doador. Basta comunicar à família o desejo em vida. A doação só acontece com a autorização familiar, e após isso, é feita toda a logística para remoção dos órgãos e transplante em pacientes compatíveis.
Thiago encerra com uma reflexão emocionante: “Todos nós vamos morrer um dia. E por que não deixar um pedacinho da gente aqui pra salvar outras vidas?”