A conclusão do inquérito sobre a queda do balão que deixou oito mortos em Praia Grande causou indignação entre familiares das vítimas. A Polícia Civil encerrou a investigação sem indiciar ninguém, alegando que não encontrou provas de conduta dolosa ou culposa que tenha causado o incêndio em voo.
O acidente ocorreu em 21 de junho, no Sul do estado, e envolveu um balão com 21 pessoas a bordo. O episódio chocou o país e ficou conhecido como uma das maiores tragédias já registradas na prática de balonismo turístico em Santa Catarina.
Família de patinador contesta investigação
Entre as vítimas estava o patinador artístico Leandro Luzzi, cuja família se diz inconformada com o resultado da apuração.
“O sentimento é de revolta e impunidade, mas também de compromisso com a luta por justiça”, afirmou o advogado Rafael Medeiros Arena, que representa os pais de Leandro.
A mãe do atleta declarou à NSC TV que não aceita o resultado do inquérito:
“Não é admissível dizer que não teve responsável. Isso não foi um acidente. Nós queremos justiça.”
A família pretende acionar o Ministério Público e formalizar a Associação das Famílias das Vítimas do Acidente de Balão em Praia Grande, para pressionar por novas apurações e responsabilizações.
O que diz a Polícia Civil
De acordo com o relatório final, “o conjunto de provas não encontrou a existência de conduta humana dolosa ou culposa”. A polícia ouviu mais de 20 pessoas, incluindo sobreviventes, o piloto, testemunhas, representantes dos fabricantes do balão e do extintor, além de peritos.
Os investigadores analisaram vídeos e laudos técnicos, que ajudaram a reconstituir as causas e circunstâncias do acidente.
Detalhes do acidente
Segundo a apuração, o balão começou a pegar fogo logo no início do passeio. O extintor a bordo não funcionou, e o piloto — que não tinha habilitação formal para emergências — pulou junto com outros ocupantes quando o cesto estava próximo do solo.
Com a saída das pessoas, o balão ficou mais leve e voltou a subir. Quatro vítimas pularam de uma altura de cerca de 45 metros e morreram na queda. Outras quatro morreram carbonizadas quando o cesto despencou em chamas.
Entre as vítimas estavam médicos, casais e o patinador Leandro Luzzi.
Reações e próximos passos
Os familiares afirmam que o piloto não seguiu protocolos de emergência e acusam falhas de fiscalização da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). O grupo espera que o Ministério Público de Santa Catarina peça novas diligências.
A defesa do piloto Elves de Bem Crescencio informou que não pode se manifestar sobre o caso, pois ele corre em segredo de justiça.
Enquanto o processo segue para análise do MP, a dor e a sensação de impunidade persistem entre as famílias das oito vítimas da tragédia.