Início Geral Cometa interestelar faz sua maior aproximação da Terra nesta quinta-feira

Cometa interestelar faz sua maior aproximação da Terra nesta quinta-feira

Um visitante raro vindo de fora do Sistema Solar atinge nesta quinta-feira (19) seu ponto mais próximo da Terra. O cometa 3I/ATLAS, terceiro objeto interestelar já confirmado pela ciência, passará a cerca de 170 milhões de milhas (aproximadamente 274 milhões de quilômetros) do nosso planeta — a menor distância registrada durante toda a sua passagem pelo sistema solar.

Descoberto em 1º de julho pelo Sistema de Último Alerta de Impacto Terrestre de Asteroides (ATLAS), no Chile, o 3I/ATLAS tem despertado grande interesse da comunidade científica por apresentar características nunca observadas em cometas originários do nosso sistema planetário.

Um visitante de outro sistema estelar

O 3I/ATLAS é apenas o terceiro objeto interestelar confirmado após o ‘Oumuamua, em 2017, e o cometa 2I/Borisov, em 2019. Por sua trajetória hiperbólica, os astrônomos confirmaram que ele não está gravitacionalmente ligado ao Sol, tendo se formado em outro sistema estelar.

Estudos indicam que o cometa pode ter até 7 bilhões de anos, sendo potencialmente mais antigo que o próprio Sistema Solar, o que o torna uma verdadeira cápsula do tempo da formação de planetas na Via Láctea primitiva.

Cometa mudou de cor após passar pelo Sol

Após atingir sua maior aproximação do Sol em 29 de outubro, o 3I/ATLAS reapareceu com uma aparência inesperada. Imagens obtidas em 26 de novembro pelo telescópio Gemini North, no Havaí, revelaram que o cometa passou de uma coloração avermelhada para um tom esverdeado intenso.

Segundo cientistas, a mudança ocorreu devido ao aquecimento solar, que removeu camadas superficiais do cometa e liberou novas moléculas no espaço. O físico Avi Loeb, da Universidade de Harvard, aponta que a cor verde pode ser resultado da presença de carbono diatômico (C₂), molécula que emite luz nessa tonalidade.

Observações por telescópios espaciais

A transformação do cometa foi registrada por diversos observatórios de ponta:

  • Telescópio Espacial Hubble (NASA), que captou imagens em 30 de novembro;

  • Observatório XMM-Newton (Agência Espacial Europeia), que monitorou o objeto em raios X por quase 20 horas no início de dezembro;

  • ️ Telescópio Espacial James Webb, que revelou dados surpreendentes sobre sua composição química.

Química jamais vista em cometas

As análises do James Webb mostraram que o 3I/ATLAS possui uma proporção de dióxido de carbono para água de 8:1, a maior já registrada em um cometa. O índice está muito acima dos padrões do Sistema Solar e sugere que o objeto se formou em regiões extremamente frias, possivelmente além da chamada “linha de gelo” do CO₂.

Outro fenômeno raro observado é a chamada “anti-cauda”, uma estrutura de poeira que aparenta apontar em direção ao Sol. Embora seja um efeito óptico relacionado ao ângulo de observação, o registro desse comportamento em um objeto interestelar oferece dados valiosos sobre a dinâmica da poeira em outros sistemas estelares.

Dá para ver da Terra?

Apesar do espetáculo científico, o 3I/ATLAS não representa qualquer risco para a Terra e não será visível a olho nu. Com magnitude entre 10 e 12, o cometa pode ser observado apenas com telescópios de pelo menos 8 polegadas.

A NASA recomenda a observação nas horas que antecedem o amanhecer, olhando para o leste-nordeste, abaixo da estrela Regulus, na constelação de Leão.

Um adeus definitivo

Após a passagem mais próxima da Terra, o cometa seguirá sua trajetória para fora do Sistema Solar. Ele deve passar próximo a Júpiter em março de 2026 e, depois disso, desaparecerá definitivamente no espaço interestelar, levando consigo pistas preciosas sobre a formação de planetas em outras regiões da galáxia.

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