O último relatório do Observatório das Migrações Internacionais (Obmigra), a ser divulgado na próxima semana, destaca as diferentes dinâmicas migratórias nas cinco regiões brasileiras. A pesquisa, que abrange o período de 2022 a 2024, aponta que as políticas públicas de acolhimento de imigrantes precisam ser adaptadas conforme as particularidades de cada região, com base em evidências científicas.
O professor Leonardo Cavalcanti, da Universidade de Brasília, destacou durante o lançamento do resumo do relatório que a formulação de políticas para imigrantes no Brasil deve considerar as realidades específicas de cada região. “Uma política pública para imigrantes no Nordeste tem que ser diferente para o Norte, o Sul e o Sudeste”, afirmou, enfatizando a importância de uma abordagem baseada em dados concretos.
Diferenças regionais no acesso a benefícios e inserção no mercado de trabalho
A pesquisa mostra que as formas de inserção dos imigrantes no mercado de trabalho e na educação, assim como o acesso a benefícios sociais, variam amplamente entre as regiões. O Norte do Brasil, por exemplo, tem sido o principal ponto de entrada de imigrantes, como os venezuelanos, mas apresenta desafios em termos de acesso a políticas públicas e benefícios sociais. Já o Sul e Sudeste do Brasil têm absorvido um número crescente de imigrantes, especialmente venezuelanos, em setores como a agroindústria.
Atração de imigrantes de diferentes origens
O estudo também aborda as mudanças no perfil dos imigrantes no Brasil. Nos últimos anos, houve um aumento no número de migrantes provenientes de países da África, Sudeste Asiático e América Latina, superando as migrações tradicionais de portugueses e europeus. Jonatas Pabis, coordenador de imigração laboral do Ministério da Justiça, afirmou que o Brasil se consolidou como um destino atraente para pessoas de todo o sul global, devido à sua identidade cultural acolhedora e a legislação robusta.
Crescimento do número de imigrantes no mercado de trabalho
A Região Sudeste, que concentra a maior parte da população do país, registrou um aumento de 10,4% no número de trabalhadores imigrantes entre 2022 e 2023, com a população de imigrantes empregados crescendo de 73,9 mil para 81,5 mil. A tendência de crescimento se manteve em 2024, com o número de trabalhadores imigrantes chegando a 87,5 mil até o meio do ano. No Sul do país, a maior parte dos imigrantes está empregada em setores de mão de obra intensiva, como a indústria de abate de aves e suínos.
Fonte: Agência Brasil
