O Rotary Club de Tubarão Sul realizou mais uma edição do Galeto Solidário. Era feriado de comemoração do Dia da Pátria, dia chuvoso, preguiçoso. A maioria dos cidadãos trabalhadores aproveita para descansar junto à família, numa folga mais que merecida.
O que leva, então, alguns destes cidadãos, a estarem ao final deste dia, com dores no corpo, cansados, por quase dez horas de árduo trabalho? O que leva estes honrados pais de família a acordarem de madrugada, enfrentarem frio e chuva e irem cumprir uma missão nada convencional em plena praça pública? O que leva estes homens de espírito solidário a convencerem outros tantos, a se juntarem em uma causa nobre, onde o objetivo final é simples e puro: ajudar a quem tem menos?
O que leva cidadãos lutadores, que pagam impostos exorbitantes, que são tomados de assalto com notícias da violência crescendo e se aproximando cada vez mais de cada um de nós, a terem disposição para atuar em prol dos menos favorecidos, cumprindo com o que muitas vezes é função de governantes cada vez menos atuantes, cada vez mais corruptos, cada vez mais longe de promoverem o que sonhamos ser, um país, um estado, uma cidade decente?
O que leva pessoas simples, mas, incomuns, pinçadas da sociedade, a se reunirem semanalmente em um grupo organizado, pagando para ali estarem, planejarem, criarem condições, inventarem meios, solicitarem patrocínios e, enfim, darem corpo e forma a um evento que vai completar 20 anos, de reconhecido espírito social, que é aplaudido por toda uma população?
O que leva homens de negócios e profissionais, cada qual com suas particularidades, cada qual com seu modo de vida, cada qual com seu jeito de ver o mundo, a se unirem em prol de um objetivo comum, sendo humildes, obedecendo, aprendendo, se desvinculando de qualquer rótulo ou convicção diferenciada, para virarem operários, assadores, embaladores e entregadores de frango assado, em uma praça fria e molhada, em uma cidade do interior de um país que comemora 189 anos de sua independência, nem sempre vivida como tal?
A resposta a todas estas indagações começou a ser construída em 1905, quando um advogado, maçom, cidadão simples e comum de Chicago (EUA), fundou um grupo de amigos, com interesse em fortalecer laços de relacionamento e solidariedade, que viria a se tornar, mais de 100 anos depois, uma das mais importantes instituições do planeta Terra, responsável por ações que já fazem a diferença no desenvolvimento da humanidade.
Seja numa praça da cidade de Tubarão, num feriado chuvoso, assando frangos, seja no calor desértico na cidade de Wadhwan na Índia, construindo moinhos de vento para famílias coletoras de sal, seja na província de Kwazulu Natal, na África do Sul, fazendo testes de tuberculose e Aids, seja na ONU, ocupando a única cadeira destinada a uma entidade não governamental, seja em todo o mundo arrecadando e investindo mais de 1 bilhão de dólares, nas vacinas e campanhas para erradicação da pólio, está em ação pelo menos um dos 1,2 milhões de rotarianos e rotarianas, que, seguindo os preceitos de Paul Harris, “dão de si, antes de pensar em si”.
Parabéns a quem escolheu e foi escolhido, para viver a vida, podendo bater no peito e dizer: “Eu sou do Rotary. Eu ainda acredito”.