Rafael Andrade
Tubarão
Considerado o maior artista de Santa Catarina de todos os tempos, o tubaronense Willy Zumblick, que nasceu no dia 26 de setembro de 1913, completaria 100 anos daqui quatro meses. Uma infecção pulmonar, no dia 3 de abril de 2008, interrompeu a vida do gênio das telas, como era definido por muitos dos admiradores de suas mais de cinco mil obras.
Uma série de ações alusivas à sua memória já pode ser acompanhada, principalmente na Cidade Azul, onde Willy pintou a maioria de suas telas e deixou um legado de milhares de admiradores. Para reforçar a reconhecida saga do artista plástico, sua intensa criatividade e a maneira especial de contar os relatos heróicos de Anita Garibaldi, o legado do Contestado, as festas e ritos, religiosos e profanos, além do folclore catarinense e brasileiro.
As obras e vida de Willy foram pesquisadas por mais de uma década por três de seus admiradores: o jornalista e escritor Volnei Martins Bez; o professor e consultor em educação Valmiré Rocha dos Santos; e o fotógrafo e produtor de imagens
Carlos Rocha. O grupo fotografou e catalogou cerca de 1,2 mil obras do artista. “Foi um trabalho árduo, porém, executado com muito amor e prazer. Produzimos três obras neste período e tivemos que viajar por várias cidades do estado e do país atrás das maravilhosas obras de Willy. Inclusive, nos envolvemos em um acidente de carro em uma dessas viagens. Mas tudo foi promissor e o resultado foi o mais importante trabalho sobre a vida e obra de um artista já feito no Brasil”, lembra Volnei.
Ações já definidas
Dentre as ações de comemoração ao centenário do tubaronense, uma delas deve ser uma exposição itinerante de parte de suas obras, que deve ocorrer nas cidades mais importantes do estado. Além disso, uma escola de samba da capital deverá homenagear o artista com um samba enredo de sua vida no próximo Carnaval.
A assembleia legislativa também deverá organizar uma sessão solene em Tubarão específica ao seu centenário. Uma revista de 56 páginas sobre Zumblick também foi produzida e aguarda apoio do governo catarinense para distribuição em escolas públicas.
Pintor deixou herdeira de talento
O talento de Willy Zumblick parece ter contaminado a sua sobrinha-neta, Thais Zumblick. A artista plástica, que mora em Buenos Aires, é uma das mais respeitadas pintoras do país portenho e conhecida mundialmente pelas suas obras. Com especialização em fotorrealismo, Thais mistura cores fortes e expressantes. Conta, em uma linguagem urbana, a atração miscigenada do corpo humano e paisagens góticas, com leve toque floral.
Hoje, a partir das 16 horas, Thais participará do quinto Simpósio de Formação de Professores (Simfop) da Unisul, em Tubarão. Ela irá apresentar a sua técnica para docentes e discentes da área artística da cidade em homenagem ao centenário de Willy.
A artista tubaronense radicada na Argentina já ganhou dois grandes prêmios na América Latina: o subsídio do governo argentino, em 2007, e o almejado prêmio Jorge Frederico Klemn, em 2008. “Foi um reconhecimento inigualável do meu trabalho. Aprimoro minhas técnicas a cada dia. Iniciei na pintura com 9 anos. Fui sim apoiado pelo meu tio-avô. Via nele grande talento, mesmo ainda sendo uma criança. Tomei o meu caminho e criei minhas técnicas. Fico lisonjeada em participar deste simpósio e mostrar a minha arte”, lembra. Ela é uma das principais referências da arte contemporânea no mundo. Uma pintora que pensa, faz, produz e expressa dentro da sua técnica”, resume a coordenadora do curso de artes visuais da Unisul, Valdézia Pereira.
