Zahyra Mattar
Tubarão
Sem acordo, apesar de tentativa desesperada do governo do estado ontem, os professores da rede estadual de ensino cruzam os braços hoje. A greve, por tempo indeterminado, já era costurada desde a quarta-feira a semana passada, quando mais de sete mil educadores reuniram-se, em Florianópolis, para reivindicar o cumprimento da lei que institui o piso nacional dos professores.
O Supremo Tribunal Federal confirmou a validade da lei, que desde a implantação no país, em 2007, não é cumprida em Santa Catarina. Isto porque o governo do estado ajuizou uma ação onde contestava a validade da norma. Agora, com a definição em última instância, os professores exigem o pagamento imediato.
“Hoje (ontem), na reunião com a secretaria de educação, esperávamos por uma nova proposta, mas não trouxeram nada novo. Queremos o piso como manda a lei: que seja o vencimento inicial de carreira. O estado quer unir benefícios para chegar ao valor”, explica a coordenadora estadual do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Santa Catarina (Sinte/SC), Alvete Pasin Bedin.
Em 20 dias, o secretário estadual do planejamento, Filipe Mello, reúne-se com a ministra do planejamento, Mirian Belchior, para definir de que forma o governo federal pode realizar um complemento financeiro ao estado para o pagamento do piso salarial nacional, cujo valor é de R$ 1.187,97. Segundo Mello, o impacto da lei é de aproximadamente R$ 1 bilhão por ano na folha salarial da secretaria de educação.
Previsão é que 70% dos professores parem hoje
Se a greve deflagarada hoje pelos professores da rede estadual de Santa Catarina for unânime como a paralisação feita na semana passada, o governo do estado precisa agilizar a fórmula para o pagamento do piso. Santa Catarina possui hoje 39.174 professores e são 700 mil alunos. Caso a previsão do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Santa Catarina (Sinte/SC) se confirme, cerca de 500 mil estudantes ficarão sem aula hoje, com tendência aumentar este número nos próximos dias.
“Conforme nosso contato com as bases regionais, acredito que dificilmente terá uma região com menos de 70% dos professores paralisados. Existem locais onde a adesão já está em 100%, inclusive com anuência dos pais e alunos, tão cansados quanto nós de ver suas escolas caindo aos pedaços”, confirma a coordenadora estadual do Sinte, Alvete Pasin Bedin.
Na região de Tubarão, a previsão inicial é que 70% dos professores cruzem os braços a partir de hoje. Na gerência regional de educação em Braço do Norte, há um total de 15 escolas e aproximadamente 460 professores. Na de Tubarão, são 43 escolas e 787 educadores.
Calendário da greve em Santa Catarina
Como foi frustrante a reunião feita ontem de manhã, entre a coordenação do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Santa Catarina (Sinte/SC) e a diretoria da secretaria estadual de educação, para ambas as partes, está definida uma espécie de pré-calendário de negociação.
Na manhã da próxima segunda-feira, uma nova tentativa de rever a fórmula de pagamento do piso nacional dos professores será feita. O Sinte aguarda uma nova proposta do governo do estado, já que recusa qualquer cláusula de agregação de benefícios para completar o valor do novo salário base (R$ 1.187,97).
Independente do que for apresentado pelo estado, o comando geral de greve repassará a proposta às bases regionais do Sinte, a fim de que julguem o teor em suas assembleias. Caso a maioria considere os itens favoráveis, os professores podem retornar ao trabalho já na próxima quarta-feira. Caso contrário, seguirão com os braços cruzados.