Capivari de Baixo
Nesta sexta-feira, é celebrado o Dia Mundial da Adoção. Em todo o mundo, pessoas são convocadas a participar e celebrar esse dia compartilhando as suas histórias de adoção e amor. Nas redes sociais a mobilização já tem ocorrido, basta você desenhar uma carinha sorridente ‘smiley face’ na sua mão, tirar uma foto e postar nas redes sociais utilizando as hastags #worldadoptionday #diamundialdaadoção #compartilhandoamor. A partir da edição de hoje, o Notisul trará boas histórias de adoção da região, que farão você se emocionar e quem sabe um dia, aderir literalmente a campanha.
Adjetivos é o que não faltam para qualificar o administrador e bancário, Felipe Domingos Vieira, 27 anos, de Capivari de Baixo. É difícil não vê-lo sempre rodeado por pessoas que desejam o seu bem, o jovem é popular, prestativo e amado pelos familiares, amigos e colegas. O que o difere de seus irmãos Rodnei, Rosane, Roberto, Rosimere, Raul e Ronaldo? Nada, apenas que ele não foi gerado por seus pais Manoel Vieira (morreu em 1992) e Dirce Domingos Vieira, mas foi amado da mesma forma que os demais.
Felipe destaca que desde os primeiros anos já sabia de todos os detalhes de como chegou à casa de seus padrinhos de batismo. “Nunca deixaram de contar um só detalhe. Minha mãe procurou ser mais transparente possível, pois acreditava que eu merecia saber a verdadeira história de minha vida. Sei que minha genitora teve problemas com alcoolismo e não tinha condições psicológicas de cuidar de mim. Dava mamadeira do dia anterior, saía e me deixava sozinho”, revela.
O administrador esclarece que a sua mãe biológica, na insistência e na procura por dinheiro para consumir álcool, ofereceu o garoto por 50 cruzeiros (na época) à sua madrinha. “Com essa proposta, a minha mãe adotiva foi até a delegacia para que pudesse ficar comigo. Naquela época tudo era mais fácil no processo de adoção, tudo foi resolvido rapidamente, meus pais que já tinham seis filhos abraçaram a causa e me adotaram com muito amor”, enfatiza.
Ele destaca que sempre procurou compreender que a sua adoção foi algo melhor para a sua vida, porque carinho e amor não faltaram na família que o acolheu.
Dessa forma, não foi difícil aceitar. “Não há diferença em ser um filho do coração, tenho o amor, os irmãos, tive uma infância muito feliz, com muitos primos da mesma idade, mais velhos e também mais novos, e a aceitação de toda família foi extremamente maravilhosa, todos demonstram carinho igual aos filhos, sobrinhos e primos biológicos”, assegura.
‘Acolher uma criança no futuro é cogitado’
Felipe Domingos Vieira afirma que como cresceu sabendo de sua história, via que era nítido o amor de seus parentes e familiares. “Meu pai adotivo veio a falecer meses depois que me acolheu. Essa é uma das partes em que mais me apoio, pois quando adolescente, com 12 anos, fiz uma reflexão de tudo que passou em minha vida, percebi que por mais que tivéssemos sofrido com a morte dele, por mais que minha mãe teve dificuldade de criar sete filhos sozinha, nunca me faltou amor e carinho e nos demais irmãos”, observa.
Conforme o jovem, ele sempre procurou ser um filho que trouxesse orgulho para a sua mãe. “Eles me deram a chance de viver, procurava evitar o máximo de decepções e alimentava o coração dela com muitas realizações e conquistas, me esforcei para ser um ótimo aluno no ensino fundamental e médio, no curso técnico e na faculdade, no trabalho um bom profissional e ainda, em realizar os afazeres de casa”, relata.
O jovem pontua que não pensaria duas vezes em adotar no futuro. “Adotar é doar o seu coração a um ser que necessita de amor paterno e materno. Assim como tive a chance que deu sentido a minha vida, muitas outras crianças em situações financeiras piores necessitam também dessa compreensão. Se um dia tiver a oportunidade, farei esse papel e amarei da forma que fui amado, e serei muito grato a Deus”, reconhece.
Além dos seis irmãos, ele tem dois biológicos, ambos também foram adotados por outras famílias. “Conversamos e nos encontramos pouco, o carinho é igual. Sinto que precisamos nos unir mais, conversar, rir, contar as diferenças, ninguém teve culpa do afastamento que tivemos. Por isso acredito que há um amor, um sentimento de irmão, sinto isso em meu coração e consigo sentir o mesmo também quando estou perto deles”, finaliza.