Supermercado é condenado por negar vaga a mulher trans em SC

Foto: Reprodução das mídias - Divulgação: Notisul
Uma rede de supermercados de Tubarão foi condenada a pagar R$ 37 mil a uma mulher transgênero após desistir de sua contratação na última etapa do processo seletivo. A decisão foi proferida pela 1ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região (TRT-SC), que reconheceu a discriminação e determinou a indenização por danos morais e materiais.

Desistência após aprovação no processo seletivo

A trabalhadora havia sido aprovada para a vaga de repositora após entrevista e exame admissional. A empresa chegou a abrir uma conta bancária para pagamento do salário. No entanto, ao comparecer para tirar a foto do crachá, foi informada de que a vaga não estava mais disponível.

Entre os principais pontos do caso:

  • A candidata passou por todas as etapas do processo seletivo;
  • A empresa realizou procedimentos preparatórios para a contratação;
  • A desistência ocorreu sem justificativa clara.

Decisão em segunda instância reconhece discriminação

Inicialmente, a 1ª Vara do Trabalho de Tubarão negou o pedido de indenização, alegando falta de provas que ligassem a recusa à identidade de gênero da trabalhadora. Entretanto, ao recorrer, a reclamante conseguiu reverter a decisão no TRT-SC.

A relatora do caso, desembargadora Maria de Lourdes Leiria, destacou que a exclusão sem justificativa, após aprovação em todas as etapas, caracteriza discriminação, conforme o artigo 1º da Lei 9.029/95.

Supermercado não compareceu ao processo

Outro fator determinante para a condenação foi a ausência de defesa da empresa no processo. Isso resultou na aplicação de “revelia e confissão ficta”, fazendo com que os fatos alegados pela trabalhadora fossem presumidos como verdadeiros.

Indenização por danos morais e materiais

O TRT-SC determinou que a rede de supermercados pague:

  • R$ 30 mil por danos morais, devido à violação da dignidade e do direito ao trabalho;
  • R$ 7 mil por danos materiais, referentes à perda financeira gerada pela desistência da contratação.

Além disso, a decisão reforça a necessidade de combate à discriminação no mercado de trabalho, garantindo que pessoas trans tenham igualdade de oportunidades.

Visibilidade trans e desafios no mercado de trabalho

A decisão foi divulgada no Dia Nacional da Visibilidade Trans, celebrado ontem. Apesar de avanços como a permissão do nome social em documentos, pesquisas indicam que pessoas trans ainda enfrentam dificuldades para ingressar no mercado de trabalho, tornando casos como este um alerta para empresas e a sociedade.