O recente acidente no Morro dos Cavalos, na BR-101 Sul, em Palhoça, Santa Catarina, é mais um alerta ensurdecedor sobre a urgência de uma solução definitiva para um dos trechos mais críticos da principal rodovia que corta o estado.
Na tarde deste domingo, uma carreta carregada com etanol tombou no km 233,7. O resultado foi devastador: a carga inflamável explodiu, atingindo pelo menos 22 carros e três caminhões. Cinco pessoas ficaram feridas com queimaduras, e a rodovia ficou completamente bloqueada, formando quilômetros de filas nos dois sentidos. A cena foi digna de um cenário de guerra – fumaça densa, veículos carbonizados e o desespero estampado no rosto de motoristas e passageiros.
Mas essa tragédia não é novidade. O Morro dos Cavalos, com sua geografia acidentada, vegetação densa e a presença de uma comunidade indígena, tem sido um entrave histórico à duplicação e modernização da rodovia. Sempre que chove, há risco de deslizamentos. Sempre que há um acidente, o fluxo é interrompido, gerando prejuízos econômicos e colocando vidas em risco.
A proposta de um túnel no local já foi tecnicamente estudada e apontada como a solução mais segura e eficaz. No entanto, o projeto esbarra em entraves ambientais e legais. O Ibama já negou autorizações, e o impasse permanece, enquanto os acidentes continuam.
Santa Catarina é um dos estados que mais contribui com a arrecadação de tributos para a União. E, ainda assim, seguimos vendo nossos cidadãos presos em gargalos logísticos medievais, vítimas do descaso e da burocracia. A BR-101 é a espinha dorsal do transporte entre o Rio Grande do Sul, Santa Catarina, o Paraná e o restante do país. E o trecho do Morro dos Cavalos é seu ponto mais vulnerável — um verdadeiro calcanhar de Aquiles da infraestrutura brasileira.
Até quando as autoridades federais vão continuar ignorando o problema? Até quando vão empurrar com a barriga a decisão que pode salvar vidas?
Neste domingo, por pouco, muito pouco, não registramos uma tragédia com dezenas de mortes. O que aconteceu poderia ter sido ainda mais catastrófico. O que estão esperando? Que vidas humanas sejam perdidas para, só então, agir?
A população catarinense merece respeito. Merece segurança. Merece uma BR-101 livre de gargalos e de tragédias anunciadas.