D e Anita Garibaldi e sua morte, ocorrida em 4 de agosto de 1849, em todos os tempos – quando se tocou no assunto -, algumas versões surgiram com detalhes diferenciados, como foi o caso do texto publicado na revista Eu Sei Tudo – edição da década de 20 do século passado. O conteúdo é focado nas dificuldades do casal Garibaldi e Anita, principalmente quando ela, muito doente e grávida de oito meses precisou participar de ferrenhos embates, recusas arriscadas e fugas mirabolantes. Tudo até, em seguida, sucumbir à irreversibilidade da morte.
O calvário da heroína nascida em Morrinhos (lugar hoje pertencente a Tubarão) começa em 2 de julho de 1849 quando, vendo ameaçada a República de Veneza, seu companheiro, em Roma, resolve avançar em socorro a seus compatriotas em apuros.
Ao lado de sua inseparável Anita e entrincheirado por uma valente frente armada, o guerrilheiro italiano enfrentou aí poderosos exércitos, dando-se em seguida às portas da República de São Marino, última passagem para chegar ao destino, governo com o qual fora negociar imediatamente, na certeza de prosseguir viagem.
Não contavam, porém, os mais de dois mil garibaldinos, com a dura resposta daquela nação que, como única forma de negociação, impôs a deposição imediata de todas as armas que o grupo dispunha e a rendição irrestrita de seu pessoal.
Diante da negativa de trânsito livre, Garibaldi, Anita e pouco mais de 250 destemidos homens – já que a imensa maioria do grande grupo guerrilheiro fracassara, sendo presos pelos implacáveis exércitos de perseguição-, resolvem não aceitar a proposta, entendendo-a como absurda. Ato contínuo, deliberadamente, os viandantes sem fronteiras, ainda fortemente armados, decidem por invadir o pequeno território de São Marino, abrindo caminho à força no mais antigo Estado soberano e república constitucional do mundo.
Aos poucos, ganhando espaço em terras avessas à sua vontade, Garibaldi e os audaciosos “soldados” garibaldinos içaram velas para tentar chegar a Veneza. Fizeram isso, corajosamente, singrando as águas são-marinenses com apenas os quatro barcos que lhes restavam, sendo que, já dito, os demais navios haviam sido capturados e, do mesmo jeito, os tripulantes.
Todavia, praticamente com todas as portas de negociações fechadas e prontamente recusados nas casas por onde passavam para pedir pernoite e comida, Giusepe Garibaldi, Anita e seus combatentes, desprovidos de víveres primários para subsistência; tenazmente perseguidos e enfraquecidos, entraram numa irreparável crise de cansaço, sede, frio e, principalmente, fome.
E, diante da ácida circunstância, a 4 de julho do mesmo ano de 1846, contados apenas trinta e dois dias da mal sucedida “Caminhada para Veneza”; aniquilada também pela acelerada evolução da doença, nossa valente catarinense “Aninha do Antão” vem a tombar em terras europeias. Morria, assim, a mais famosa personagem nascida em solo barriga-verde, Anita Garibaldi (Ana Maria de Jesus Ribeiro) – A Heroína dos Dois Mundos.