domingo, 10 agosto , 2025

Agronegócio Catarinense: pilar da economia e desafio para o futuro

 

Por Elson Otto, presidente da FACISC

O agronegócio é a espinha dorsal da economia catarinense e um dos motores do desenvolvimento nacional. Com uma cadeia produtiva integrada e diversificada, o setor é importante na geração de emprego e renda, além de fortalecer a competitividade do estado nos mercados nacional e internacional. Santa Catarina se destaca por sua alta diversidade produtiva, capacidade de inovação, qualidade sanitária e eficiência produtiva, e com isso, atende a demandas exigentes de países da Europa, América do Norte e da Ásia. Além disso, investe em culturas que não são as mais representativas no país, mas que geram maior valor agregado na produção.No entanto, para garantir a sustentabilidade e o crescimento do setor, é fundamental enfrentar desafios estruturais que ainda limitam seu potencial.

A relevância do agronegócio catarinense pode ser mensurada a partir de sua diversidade produtiva e impacto econômico. O setor abrange desde o plantio e a colheita de grãos até a criação e manejo de animais, a industrialização de matérias-primasa comercialização no atacado e os serviços de escoamento da produção. Esse processo gera emprego e renda em todas as regiões do estado, e movimenta também setores como logística, tecnologia e serviços sofisticados.

Com uma produção impressionante de R$ 87,3 bilhões em 2023 e exportações que somam R$ 62,8 bilhões em 2024—o equivalente a 70% de tudo que o estado vende ao exterior—o agronegócio de Santa Catarina vai muito além dos números grandiosos.

O setor garantiu trabalho formal para 553 mil pessoas em 2023. Quando somamos os trabalhadores informais, esse número ultrapassa a marca de um milhão, representando cerca de 20% da força de trabalho catarinense. São 38 mil estabelecimentos agropecuários, ou seja, 14% do total de empresas em operação no estado.

O Mapa do Agronegócio Catarinense, lançado pela FACISC, evidencia a força desse setor estratégico. O estudo apresenta dados sobre produção agrícola,pecuária e industrial, rendimento médio e comércio exterior, demonstrando a força de Santa Catarina no cenário nacional e internacional, além  do agronegócio nas diferentes mesorregiões. Além disso, identifica vocações produtivas e oportunidades de crescimento em cada localidade, o que possibilita um planejamento mais eficaz para o futuro do setor.

O levantamento reúne dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), e oferece um panorama detalhado da produção agrícola, pecuária e da indústria, do rebanho, das exportações e dos principais polos do estado. Além disso, traz números inéditos do agronegócio catarinense, através de estimativas feitas pela própria FACISC, mostrando seu impacto e evolução na última década. O estudo também reúne dados sobre os principais produtos de cada região, destacando a importância do setor primário (produção agrícola e pecuária), do setor secundário (indústria de alimentos, bebidas, químicos, têxtil, confecção e insumos agrícolas) e do setor terciário (comércio, distribuição e serviços sofisticados). Vemos o quanto nosso estado é privilegiado com a sua diversificação de produtos produzidos e o quanto temos a necessidade de investimentos.

Santa Catarina possui uma diversidade produtiva que a coloca em posição de destaque no Brasil. No Oeste catarinense, a suinocultura e a avicultura são protagonistas, impulsionando as exportações e gerando valor agregado na indústria de alimentos. É destaque também a produção de leite e seus encadeamentos produtivos na indústria. A Serra Catarinense se destaca na produção de maçãs, peras e trutas, além de ter a maior plantação de pinus do país e se destacar internacionalmente na produção de madeira e produtos de papel.. Já oNorte se sobressai pela produção de bananas e fumo, com produção voltada para as exportações bem como pela importância no setor têxtil. O Vale do Itajaí é referência na produção de cebola e nas indústrias de madeira, têxtil, confecção, produtos de pescado e maquinário para têxtil, e o Sul, na produção de maracujá e arroz, além de investir cada vez mais em produtos de maior valor agregado, como tilápia e ovos de codorna. Já a Grande Florianópolis se consolida como líder nacional na produção de ostras, vieiras e mexilhões, atendendo a mercados internos e externos com alto padrão de qualidade, bem como se destaca na produção nacional de cebolas e trutas.Essa diversidade produtiva fortalece o agronegócio catarinense e permite que o estado atue em diferentes frentes, garantindo competitividade e estabilidade econômica. Contudo, para manter esse ritmo de crescimento, é essencial superar desafios estruturais que impactam diretamente a produção e a comercialização.

Quando falamos em cenário internacional, vemos como nosso estado se destaca. Os principais produtos exportados pelo agronegócio catarinense são provenientes dos frigoríficos e da silvicultura. Carnes de aves e de suínos representam quase metade do total exportado, com destino predominante para a Ásia. Em seguida, destaca-se a soja, amplamente cultivada no país e essencial para a pecuária, além dos produtos do setor de madeira e móveis, relevantes em diversas regiões do estado, tendo os Estados Unidos e o México como principais mercados. Santa Catarina também se posiciona como um importante fornecedor de papel kraft e de máquinas agrícolas para a América Latina. Além desses, há produtos que, embora não estejam entre os principais da pauta exportadora catarinense, ganharam relevância no cenário nacional e registram crescimento expressivo na última década. Entre eles, as máquinas e equipamentos agrícolas e para fabricar alimentos,bebidas, produtos têxteis, de confecção e produtos de papel. Como o Brasil e Santa Catarina ainda dependem significativamente de maquinário oriundo particularmente da Europa, é fundamental fomentar cada vez mais essa produção localmente, para reduzirmos cada vez mais essa dependência externa, além de disseminar valor agregado e tecnologia na economia.

Apesar do protagonismo no cenário nacional, o agronegócio catarinense enfrenta entraves históricos, principalmente no que diz respeito à infraestrutura logística e energética. A deficiência da malha rodoviária e ferroviária encarece a produção e dificulta o escoamento dos produtos para os mercados consumidores. O alto custo do transporte impacta diretamente a competitividade das empresas do setor, especialmente as situadas no Oeste, onde a distância dos portos aumenta significativamente os custos operacionais.

O investimento em modais de transporte eficientes é essencial para que Santa Catarina continue avançando. O fortalecimento do transporte ferroviário, por exemplo, reduziria custos logísticos e melhoraria a integração entre as diferentes regiões do estado e os principais centros de exportação. Além disso, a ampliação da infraestrutura energética é fundamental para garantir o abastecimento e o funcionamento da agroindústria, que depende de um fornecimento estável de energia para manter suas operações.

A modernização tecnológica também é um fator determinante para o futuro do agronegócio catarinense. O investimento em equipamentos de ponta, como máquinas extratoras agrícolas no Sul, maquinário têxtil no Vale e equipamentos para a indústria de alimentos no Oeste, fortalece a competitividade do setor e posiciona Santa Catarina como referência em iO agronegócio de Santa Catarina enfrenta desafios cada vez maiores com as mudanças climáticas e a gestão sustentável dos recursos naturais, especialmente a água. A frequência de eventos climáticos extremos, como estiagens e enchentes, impacta diretamente a produção agrícola e pecuária, tornando essencial a adoção de medidas preventivas.

Nos últimos anos, os impactos das variações climáticas têm sido significativos. Segundo a Epagri/Ciram, a seca de 2020-2021 resultou em perdas de R$ 6,4 bilhões para o agronegócio catarinense, afetando culturas como milho, soja e feijão, além da produção de leite e carne. Já em 2022, fortes chuvas causaram alagamentos e erosões, prejudicando o escoamento da produção e elevando os custos logísticos para os produtores.

Nesse contexto, a campanha “Prevenir é Melhor que Recomeçar”, promovida pelo Comitê das Águas da FACISC, desempenha um papel estratégico. A iniciativa busca incentivar empresas e comunidades a adotarem boas práticas de gestão hídrica, assegura a preservação dos recursos, e a resiliência do setor agropecuário frente às crises hídricas.

O Mapa do Agro conecta essas ações à realidade do setor produtivo. Ao integrar dados sobre a atividade agropecuária catarinense, o Mapa permite uma visão ampla das regiões mais vulneráveis e auxilia na tomada de decisões estratégicas para o futuro do agro. Aliado às práticas sustentáveis propostas pelo Comitê das Águas, ele contribui para um planejamento mais eficiente, ajuda a garantir a segurança hídrica e a competitividade do agronegócio.

A sustentabilidade não pode ser vista como um desafio isolado, mas como um compromisso coletivo. A integração entre gestão hídrica, inovação e planejamento territorial será determinante para que o agro catarinense continue crescendo de forma sustentável e preparado para os desafios climáticos do futuro.

A FACISC atua na defesa dos interesses do setor agroindustrial catarinense através da articulação junto ao setor público e privado sobre a necessidade de investimentos estratégicos. O Mapa do Agronegócio Catarinense é um instrumento valioso para orientar políticas públicas e privadas, pois fornece uma base sólida para direcionar investimentos e impulsionar o crescimento sustentável do setor.

Nosso objetivo é quantificar e demonstrar a relevância do agronegócio catarinense na geração de empregos, renda e competitividade global. O estudo fortalece a posição do estado no mercado nacional e internacional, auxiliando empresários, produtores e gestores públicos a planejarem o futuro do setor com dados concretos e estratégias bem fundamentadas.

O agronegócio catarinense é um dos maiores ativos econômicos do estado, e sua competitividade depende de investimentos contínuos em infraestrutura, tecnologia e sustentabilidade. A FACISC seguirá comprometida com essa missão, defendendo as demandas do setor e promovendo iniciativas que garantam o crescimento sustentável e a relevância global do agronegócio de Santa Catarina.

 

 

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