Apesar de registrar um dos menores índices de feminicídio do Brasil, Santa Catarina enfrenta um cenário preocupante de violência contra a mulher, com milhares de ocorrências registradas anualmente. Especialistas destacam a necessidade de ações mais efetivas e contínuas de prevenção, acolhimento e conscientização.
Em 2023, Santa Catarina contabilizou cerca de 3.500 registros de agressões contra mulheres, que incluem violência física, psicológica, ameaças, estupros e outros tipos de abuso. Os dados são do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2024 e revelam uma realidade silenciosa, marcada muitas vezes pela subnotificação, especialmente em cidades do interior.
Apesar da taxa de feminicídios estar entre as mais baixas do país, com cerca de 20 casos no ano passado (0,8 por 100 mil mulheres), a violência doméstica permanece como uma das principais preocupações das autoridades estaduais.
Casos extremos como alerta, não como espetáculo
Casos de agressões brutais, como o recente episódio envolvendo um ex-jogador de basquete que desferiu 60 socos na companheira, têm gerado comoção nacional. No entanto, para especialistas e comunicadores, o foco deve estar na realidade local e em como a população pode se proteger e denunciar.
“Não se trata apenas de exibir o horror de casos isolados, mas de mostrar que a violência está presente aqui também, muitas vezes de forma silenciosa e repetida”, afirma a psicóloga criminal e especialista em violência doméstica Laura Benetti, de Criciúma.
Cidades com mais registros e subnotificação
Regiões como Florianópolis, Joinville e Blumenau lideram os números de ocorrências, o que pode estar relacionado tanto à maior população quanto ao acesso facilitado às delegacias especializadas da mulher.
Já em cidades menores, o medo da denúncia, a dependência financeira e a ausência de unidades especializadas dificultam o enfrentamento ao problema.
Ações de enfrentamento e proteção
Santa Catarina possui programas e estruturas dedicadas à proteção da mulher em situação de violência, como:
Delegacias da Mulher em diversas cidades do estado;
Centros de Referência com atendimento psicológico, social e jurídico;
Parcerias com aplicativos de transporte, comércios locais e empresas para ampliar a rede de proteção.
O estado também conta com o programa “Mulher Viver sem Violência”, que articula ações intersetoriais de atendimento humanizado às vítimas.
Campanhas de conscientização e canais de denúncia
Campanhas em escolas, redes sociais e mídia tradicional têm sido intensificadas para alertar sobre o ciclo da violência e os meios de sair dele.
Os principais canais de denúncia são:
Disque 180 – Central de Atendimento à Mulher
Disque 100 – Violação de direitos humanos
Aplicativo Proteja Brasil
Delegacias da Mulher ou qualquer delegacia