Zahyra Mattar
Orleans
A forte chuva registrada no sul de Santa Catarina atingiu cerca de 80 mil na região. As cidades mais afetadas são Araranguá, Meleiro, Içara, Ermo, Praia Grande, Turvo e Orleans, um dos mais castigados. Ontem, a prefeitura iniciou o levantamento dos estragos.
Mais de 80% das estradas estão destruídas. Várias pontes de madeira caíram e outras tiveram as cabeceiras e os pilares arrancados. Também foram registrados entupimentos de vários bueiros e queda de barreiras, inclusive no centro da cidade. A comunidade de Rio Minador, a 25 quilômetros do Centro, está ilhada desde o fim de semana. A ponte de madeira foi carregada pela forte correnteza e 20 famílias estão sem nenhum tipo de comunicação.
Na fumicultura, uma das principais fontes de renda do município, o prejuízo contabilizado até ontem ultrapassava R$ 1,5 milhão. Segundo a Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), mais de 200 produtores tiveram as lavouras comprometidas.
Não há previsão de quando os trabalhos de recuperação, especialmente do interior do município, poderão efetivamente começar. A secretaria de obras da prefeitura de Orleans trabalha com ações pontuais. O estado de emergência foi decretado e a Defesa Civil do Estado está na cidade para auxiliar as mais de oito mil pessoas que tiveram algum tipo de problema relacionado à chuva.
Previsão do tempo
Como já previsto domingo, a maré no litoral sul diminuiu e o escoamento das águas nos rios das áreas alagadas foi facilitado. Hoje, uma massa de ar com menos umidade diminui a nebulosidade e favorece a presença de sol. Mas, a partir de amanhã, a chuva retorna para boa parte do estado, inclusive com risco de temporal, descarga elétrica, queda de granizo e rajadas de vento intensas.
Em Santa Catarina
Com a confirmação de dados referentes às inundações no sul de Santa Catarina, o número de atingidos pelo vendaval e pela chuva dos últimos dias chegou a 183.188 no estado. Estão em situação de emergência 68 municípios. O município de Guaraciaba, no extremo-oeste, é o único no estado de calamidade pública.
Ainda estão desabrigadas 1.897 pessoas no estado. Todas estão em abrigos públicos. Outras 10.410 estão na casa de parentes e amigos e 291 precisaram sair de sua cidade.
Os fenômenos climáticos deixaram 173 feridos e cinco mortos (quatro em Guaraciaba e um em Praia Grande, no sul), e danificaram 19.553 edificações, entre prédios públicos, comerciais, residenciais e industriais.
BR-101: trânsito é liberado, mas
não há previsão para a manutenção
Após quase três dias de paralisação, o tráfego para veículos de passeio no trecho alagado entre Araranguá e Maracajá foi liberado, às 6 horas de ontem, pela Polícia Rodoviária Federal (PRF). Com o tempo mais firme desde domingo, o nível do Rio Araranguá começou a baixar, mas ainda há uma lâmina d’água de dez a 20 centímetros sobre a pista em alguns locais.
Mesmo com a liberação, o trânsito segue lento entre os dois municípios, mas não há formação de filas. Próximo ao quilômetro 409, o movimento é desviado pelo elevado norte-sul, na parte já duplicada da rodovia, que não foi atingida pela água.
Domingo, com o fim da chuva, o tráfego de caminhões já havia sido liberado.
Uma operação tapa-buracos é programada para minimizar os problemas acentuadas pelas chuvas. Porém, ainda não há data prevista para que isso seja feito, especialmente porque a previsão é de que a chuva volte a ocorrer a partir de amanhã em todo o sul.
Três rodovias estaduais do
sul estão com problemas
Pelo menos cinco rodovias estaduais continuavam com o trânsito prejudicado em decorrência de alagamentos e estragos provocados pela chuva da última semana ontem. Na SC-438, na Amurel, o trecho mais crítico é entre o acesso a Gravatal e o trevo de Armazém. A quantidade de buracos torna o tráfego lento e perigoso.
Pior que isso é a situação da SC-449, entre Meleiro e Araranguá, onde a pista precisou ser interditada por causa de um alagamento. A lâmina d’água em alguns trechos chegou a 40 centímetros de altura.
Na mesma região, o tráfego está prejudicado na SC-450, em São João do Sul. O Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra) também programa uma ação tapa-buracos, mas não há previsão de quando isso será iniciado por conta da previsão de chuva para esta semana.

