Silvana Lucas
Tubarão
A vida de João Gaspar, para muitos poderia se transformar em um livro, ou talvez em uma “moda de viola”, mas sem um ponto final feliz, apenas uma vírgula, uma trajetória difícil. E foi a conquista de cirurgias nos olhos, que foi decisivo para voltar ao trabalho de mais 44 anos como engraxate, em Tubarão.
“Eu já não enxergava mais nada de perto, principalmente quando olhava para o sapato de um cliente para engraxar. O meu rosto ficava muito próximo do calçado, fato que chamava a atenção dos colegas aqui do calçadão, que me diziam para procurar um médico”, lembra João.
Além das dificuldades nas tarefas diárias, o trabalhador ainda precisava enfrentar outra batalha, o álcool. “Para eu poder fazer a operação, a equipe de assistência social da prefeitura de Tubarão aconselhou um tratamento para melhorar minha saúde, pois andava desmotivado, com problemas em casa, resolvi aceitar”, agradece João.
Foram mais de 30 dias em uma comunidade terapêutica, localizada no bairro Madre, na Cidade Azul. Depois ocorreu a cirurgia para a retirada de catarata. “Logo após a primeira operação, preferi voltar para a clínica e ficar por lá mais tempo.
Não fazia, na época, questão de retornar à casa, queria ficar melhor para poder enfrentar as dificuldades. Somente depois da segunda operação é que voltei a morar com os meus filhos”, emociona-se o engraxate.
Para o turista gaúcho Edgar Machado, encontrar um engraxate em algumas cidades é raridade. “Quando via esta cadeira de longe, fiquei contente, considero este trabalho um grande benefício para melhorar o visual e conservar o couro”, agrega o cliente.
O trabalho da assistência social
Para que João fosse encaminhado a uma comunidade terapêutica e detectado a existência de catarata em seus olhos, a secretaria de assistência social foi o órgão que intermediou o tratamento. “Trabalhamos diariamente com atendimento em nossos Centros de Referência de Assistência Social (Cras) e na unidade de Proteção Social Especial (Craes). No caso do João foi decisão dele ir ao Centro de Atenção Psicossocial, responsável pelo cuidado no transtorno mental e pela promoção da inclusão social, que o levou a retornar ao convívio familiar”, comemora a assistente social e responsável pela proteção básica, Lilian Folchini Gonçalves.