As perguntas sem resposta na relação de Trump com o Brasil

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Donald Trump está de volta à Casa Branca. Sua reeleição não apenas reflete a divisão da política americana, mas também reacende debates globais sobre autoritarismo, mudanças climáticas, cultura woke e liberdade de expressão. No centro desse furacão, o Brasil — com sua complexa relação com os Estados Unidos — se vê diante de dilemas ainda sem respostas claras.

No campo da política internacional, o Brasil é um membro-chave dos BRICS, um bloco que cresce em relevância global, principalmente como contraponto às potências ocidentais. No entanto, a proximidade histórica com Washington sempre foi crucial para setores estratégicos da política e da economia brasileiras. Agora, com Trump novamente no poder, como essa relação será impactada?

Uma questão fundamental é a política regulatória. Trump defende a desregulamentação e não permitirá qualquer tipo de censura praticado pelas Big Techs. No Brasil, o debate sobre a regulação das redes sociais está em alta, com o Judiciário liderando as propostas. Como será a postura de Trump quanto a isso?

No front ambiental, o contraste entre os dois países é ainda mais gritante. Trump retirou os Estados Unidos do Acordo de Paris, minimizando a importância das mudanças climáticas. Agora, o Brasil se prepara para sediar a COP30, que promete colocar o meio ambiente no centro da agenda internacional. Como será a dinâmica entre um governo brasileiro focado em sustentabilidade e um governo americano que prioriza o crescimento econômico em detrimento de políticas climáticas?

Outro ponto sensível é a guerra cultural global, onde Trump se posiciona como líder das correntes políticas de direita. Sua defesa aberta da liberdade de expressão tem um apelo direto para a oposição brasileira. Essa vitória republicana nos EUA pode inflamar ainda mais a polarização no Brasil, especialmente em um contexto onde a oposição se sente legitimada e empolgada.

Finalmente, as implicações diretas para a política brasileira não podem ser ignoradas. Será que Trump pode influenciar, direta ou indiretamente, a narrativa em torno do ex-presidente Jair Bolsonaro? A oposição brasileira, que já busca apoio internacional para pressionar o Supremo Tribunal Federal, poderá encontrar em Trump um aliado disposto a interferir?

Por enquanto, essas questões permanecem sem resposta. Mas uma coisa é certa: o segundo mandato de Donald Trump promete trazer novos desafios — e talvez algumas oportunidades — para o Brasil, que precisará equilibrar pragmatismo e estratégia para lidar com a situação.