Falar de Bíblia para algumas pessoas pode ser um pesadelo. E inserir o assunto senado na conversa deixa o clima ainda mais pesado. São assuntos distintos, mas que na prática poderiam ter abordagem em comum, pois vivenciar os Evangelhos precede as denominações religiosas e partidárias. O seguimento de Jesus Cristo se dá através dos nossos testemunhos. O senado, mesmo sendo laico, não precisa estar alheio ao mandamento do amor ao próximo. Pois somos nós, cristãos e não-cristãos, que elegemos seus membros, como nossos representantes políticos.
A Bíblia não caiu pronta do céu. Ela surgiu da terra, da vida do povo de Deus. Surgiu como fruto da inspiração divina e do esforço humano. E homens e mulheres como nós foram quem a escreveram. Resumindo, a gente pode dizer: a Bíblia nasceu da vontade do povo de ser fiel a Deus e a si mesmo; nasceu da preocupação de transmitir aos outros e a nós esta mesma vontade de ser fiel.
O senado vai além de três representantes de cada estado, e culpar os nossos representantes talvez não seja a medida correta. Como ainda prefiro acreditar que existem muitos senadores que buscam a honestidade, reconheço que esses podem ser taxados pelas atitudes de seus companheiros. É hora de tomarmos consciência do que está acontecendo. Não só com eles. Mas com os nossos políticos. Questionar os partidos políticos, pois se um dia elegemos seus integrantes, a possibilidade de escolha e mudança é nossa. Ora a mudança da sociedade começa dentro de nossas casas.
E como isso acontece? Em gesto simples. Por exemplo, o troco errado que recebemos no mercado. Não querendo infligir a lei ou até mesmo tentando dar um jeitinho brasileiro para não receber uma multa. Não ser corrupto nas pequenas coisas. “Quem é fiel nas pequenas coisas também é fiel nas grandes” (Lc 16,10). Os políticos vão mudar a partir do momento em que a sociedade começar a mudar. Sei que já existem pessoas nessa conjuntura política querendo o melhor.
Quando falo em senado é porque quero compartilhar a reflexão que mais uma vez ele foi fechado. Os militares fecharam literalmente. Ultimamente, quem fechou as portas da ética e da moralidade foi o próprio presidente da república. E já havia demonstrado um outro ato nada democrático em seu partido; empurrando a goela abaixo a candidatura de Dilma Rousseff para 2010 – na perspectiva de concorrer com José Serra (PSDB). Provavelmente, não será a única a mulher a concorrer à presidência. E muito menos uma eleição plebiscitária como desejaria o planalto. Marina Silva (PV) e Ciro Gomes (PSB) estão vivos.
O mês de setembro para nós, católicos, centra nossa reflexão na Bíblia. A oportunidade de dedicarmos uma leitura diária começa hoje. Os Evangelhos poderão ser os primeiros passos, desse modo, conheceremos melhor Jesus Cristo. Acredito que, ao final da sua leitura, poder-se-á ver que fé e política possuem algo em comum, a justiça e a felicidade. De tudo isso, depreendo com o pensamento, que viver com dignidade, vai além de religião ou partidos políticos. É direito de cada brasileiro e brasileira.