Braço do Norte: Vereadores acreditam em falência da PCH

Wagner da Silva
Braço do Norte

O resultado de uma conversa entre os vereadores Salésio Meurer (PSDB) e Antonio Bittencourt de Souza (DEM) e o presidente da Cooperativa de Eletrificação Rural de Braço do Norte (Cerbranorte), Valdir Willemann, o Voíco, foi comentada na sessão da câmara de vereadores de Braço do Norte e gerou polêmica na cidade.
Salésio afirmou na tribuna que R$ 14 milhões gastos até o momento na obra da Pequena Central Hidrelétrica (PCH) de Capivari foram jogados fora. “A obra está abandonada e não será mais construída pela cooperativa e nem financiada por banqueiro nenhum. Foi um valor jogado fora e agora foi mais um milhão”, denuncia o vereador.

Segundo Salésio, no dia 26 de fevereiro (quinta-feira, antes das eleições suplementares de prefeito), a Cerbranorte Geração fez o pagamento de distrato – dívida de serviços – à prestadora de serviço Itatrix pela elaboração de um projeto executivo. “Não podemos engolir isto. Precisamos rastrear este dinheiro. Por que foi pago este valor a esta empresa? Como que a obra parada gera uma despesa como esta?”, questiona.
O vereador Antonio vai além e diz que recebeu a informação de falência da Cerbranorte Geração. “Ela (Cerbranorte Geração) deve parte do terreno, investiu um dinheiro e precisa de muito mais que isso para concluir a obra. Assim, o presidente explicou e disse que ela estava falida”, declara Antonio.

Presidente defende
geração de energia

O presidente da Cerbranorte, Valdir Willeman, o Voíco, afirma que as informações repassadas pelos vereadores durante a sessão do legislativo municipal e também em entrevista à rádio Verde Vale são totalmente inverídicas. Ele explica que a construção é feita em etapas. Com a repotencialização, de 12 para 18 megawatts, as obras foram suspensas, até a análise da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

“A dívida existia e o pagamento deveria ter sido feito ainda em 2008, mas foi renegociada. Solicitamos medições complementares e pagamos apenas o justo de um débito que tínhamos com a empresa por serviços prestados”, afirma.
O presidente defende que o dinheiro investido não está ‘morto’ e Cerbranorte Geração não está falida. “Se quisermos vender a parte que está concluída, em poucas horas, teremos interessados em pagar o dobro do investido. Mas nosso propósito é a geração, oferecer energia com melhor qualidade e com menor custo”, salienta.
Ele explica que as sobras, entre receita e despesas, de valores arrecadados pela Cerbranorte são repassadas à Geração. “Este sistema foi apresentado e aprovado em assembleia”, garante Voíco.

Dívida
Os documentos sobre o pagamento da dívida com a prestadora de serviço Itatrix, pela elaboração de um projeto executivo, estão disponíveis para análise. Contudo, não serão fornecidos, afirma a assessora jurídica da Cerbranorte, Samira Oenning. “Os interessados em ver estes documentos podem nos procurar. Estamos à disposição para esclarecer as dúvidas dos associados”, afirma. Os dados, segundo a advogada, podem ser repassados pela própria assessora, ou ainda pelo conselho fiscal.

Em que pé está a obra
• O túnel de 1,3 quilômetro – etapa mais crítica – parte da barragem e da casa de máquinas que correspondem a cerca de 30% da usina está concluída.
• O valor investido até o momento na obra é de R$ 14 milhões, para indenizações dos 503 hectares adquiridos, túnel, terraplanagens e as duas partes, da barragem e casa de máquinas.
• Com a manifestação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a favor da mudança e a aprovação da linha de financiamento, está previsto para dois anos o término da usina que consumirá, no total, R$ 40 milhões de investimentos.

Evanísio confirma
dívida de R$ 1 milhão

O ex-presidente da Cerbranorte e atual prefeito de Braço do Norte, Evanísio Uliano, o Vânio (PP), confirma que o pagamento da dívida havia sido aprovada em dezembro de 2008. “O valor correto é R$ 1,408 milhão e já estava autorizado há algum tempo”, esclarece.
Vânio acrescenta que os vereadores deveriam repassar informações corretas à população. “Devem levar ao conhecimento da população, com embasamento, esclarecidos, para não haver dúvidas”, avalia.