Brasil perde mais do que ganha com a indústria do cigarro

Foto: Reprodução das mídias - Divulgação: Notisul

Um estudo divulgado nesta quarta-feira (28) pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca) e pelo Ministério da Saúde mostra que, para cada real de lucro obtido pela indústria do tabaco, o Brasil gasta cerca de cinco vezes mais com o tratamento de doenças causadas pelo fumo. Intitulado A Conta que a Indústria do Tabaco Não Conta, o levantamento chama atenção para os impactos econômicos e sociais do tabagismo no país.

De acordo com o estudo, o lucro de R$ 156 mil gerado pela venda de cigarros legais corresponde a uma morte por doenças como infarto, AVC, câncer de pulmão ou doença pulmonar obstrutiva crônica. Quando analisados os custos, cada morte representa, em média, um gasto de R$ 361 mil em despesas diretas com tratamento e R$ 796 mil ao considerar também os custos indiretos, como perda de produtividade e afastamentos do trabalho.

A conta do cigarro para o país é ainda mais pesada quando se olha o valor total dos danos causados. Segundo dados do próprio Inca, o Brasil desembolsa anualmente R$ 153,5 bilhões com problemas relacionados ao tabagismo. Esse número engloba gastos médicos, perdas econômicas por morte prematura, incapacidades e cuidados informais. A arrecadação federal com impostos da indústria do tabaco, por outro lado, foi de apenas R$ 8 bilhões em 2022, o que representa apenas 5,2% do custo total do tabagismo para o Brasil.

O impacto do cigarro também se reflete em vidas perdidas. Estima-se que o tabagismo seja responsável por cerca de 174 mil mortes evitáveis por ano no país, o equivalente a 477 óbitos por dia. Entre as principais causas dessas mortes estão doenças cardíacas, diversos tipos de câncer, AVC, diabetes tipo 2 e os efeitos do fumo passivo, que sozinho causa aproximadamente 20 mil mortes por ano.

Outro dado que preocupa as autoridades é o aumento do uso de cigarros eletrônicos, principalmente entre os jovens. Apesar de proibidos no Brasil desde 2009, os chamados vapes continuam sendo consumidos. A pesquisa Vigitel, realizada em todas as capitais brasileiras, apontou que 2,1% da população adulta usou esses dispositivos em 2023, sendo a maior parte jovens entre 18 e 24 anos.

Atualmente, cerca de 9,3% da população brasileira — o que representa 19,6 milhões de pessoas — se declara fumante. A maior parte são homens. Para enfrentar essa realidade, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento gratuito para quem deseja parar de fumar. O serviço está disponível nas Unidades Básicas de Saúde de todo o país e inclui atendimento profissional, acompanhamento individual e em grupo, além da oferta de medicamentos, como adesivos de nicotina, goma de mascar e bupropiona.

O Ministério da Saúde reforça que o tratamento está acessível para qualquer pessoa que queira abandonar o cigarro e melhorar a qualidade de vida. Basta procurar uma unidade de saúde ou entrar em contato com a secretaria municipal ou estadual de saúde.