Os líderes do Brics discutiram nesta segunda-feira (8) mecanismos para ampliar o comércio entre os países do bloco. A reunião virtual foi organizada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que destacou a importância do multilateralismo diante do aumento de tarifas imposto pelos Estados Unidos.
Durante seu discurso, Lula afirmou que a integração financeira e comercial entre os países do bloco é uma forma de reduzir os impactos do protecionismo. O presidente também ressaltou que o Brics reúne condições para liderar uma reforma no sistema multilateral de comércio, além de promover uma industrialização verde e inclusiva.
Papel do Brics e do Novo Banco de Desenvolvimento
Lula destacou a relevância do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), conhecido como banco do Brics, para apoiar a diversificação econômica e ampliar a cooperação financeira. Segundo ele, o grupo representa 40% do PIB global, 26% do comércio internacional e quase metade da população mundial.
“Temos as condições necessárias para promover uma industrialização verde, que gere emprego e renda, especialmente em setores de alta tecnologia”, afirmou o presidente.
Críticas ao unilateralismo
O líder brasileiro também criticou a paralisia da Organização Mundial do Comércio (OMC) e a adoção de medidas unilaterais pelos Estados Unidos, classificando-as como “chantagem tarifária” e “práticas ilegais”.
“O enterro formal dos princípios do livre comércio transforma nossos países em vítimas de medidas injustificadas. Dividir para conquistar é a estratégia do unilateralismo”, disse.
Geopolítica e tensões internacionais
Além do comércio, os líderes discutiram os impactos das sanções econômicas e de conflitos em diferentes regiões do mundo, como a guerra na Ucrânia e o conflito em Gaza. Lula também criticou a presença militar dos EUA no Caribe, classificando-a como fator de tensão para a América Latina.
O presidente reforçou ainda o convite para a COP30, que será realizada em novembro, em Belém (PA). Ele defendeu a criação de um Conselho de Mudança do Clima da ONU e uma governança climática mais forte.
Participação e próximos passos
Participaram da cúpula os chefes de Estado e representantes da China, Rússia, Índia, África do Sul, Egito, Indonésia, Irã, Emirados Árabes Unidos e Etiópia.
O encontro serviu como preparação para a 80ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York, e para a 14ª Conferência Ministerial da OMC, marcada para 2026, em Camarões.