A seleção de Cabo Verde conquistou uma classificação histórica para a Copa do Mundo da FIFA ao vencer Eswatini por 3 a 0, neste domingo (12). O resultado encerrou uma campanha expressiva nas eliminatórias africanas, com sete vitórias, dois empates e apenas uma derrota, garantindo ao país insular uma vaga inédita no Mundial.
Conhecidos como os “Tubarões Azuis”, os cabo-verdianos celebram a maior conquista esportiva de sua história. Com uma população de pouco mais de 500 mil habitantes, Cabo Verde se torna o segundo menor país do mundo a garantir presença em uma Copa do Mundo, atrás apenas de Trinidad e Tobago (que jogou em 2006).
Uma jornada construída passo a passo
O futebol em Cabo Verde começou a se estruturar ainda no início do século XX, especialmente na ilha de São Vicente, onde surgiram os primeiros clubes por volta de 1919, fortemente influenciados por equipes e tradições de Portugal, antiga potência colonizadora do arquipélago.
A popularização do esporte se espalhou pelas demais ilhas, culminando na primeira competição regional em 1938. Desde então, o país tem se destacado no continente: estreou na Copa das Nações Africanas (CAN) em 2013, quando chegou às quartas de final — feito repetido em 2023.
Laços culturais com Portugal
A relação entre Cabo Verde e Portugal vai muito além do futebol. O português é a língua oficial do país, e sua influência remonta ao século XV, quando o arquipélago foi colonizado e se tornou um importante ponto estratégico do comércio atlântico.
Apesar disso, o idioma mais falado no dia a dia é o crioulo cabo-verdiano, um dialeto baseado no português, mas com fortes influências das línguas africanas trazidas pelos povos escravizados. Essa mistura linguística e cultural é um dos pilares da identidade nacional cabo-verdiana.
“O português representa o elo histórico com a antiga metrópole, mas o crioulo é a alma viva de Cabo Verde”, destaca o professor e pesquisador Rodrigo Machado Martins, autor de estudos sobre a formação linguística do país.
Orgulho e esperança
A classificação para a Copa é vista em Cabo Verde como um momento de união nacional. Em todo o arquipélago, torcedores foram às ruas para celebrar o feito.
A Federação Cabo-Verdiana de Futebol dedicou a conquista “a todos os que acreditaram no sonho dos Tubarões Azuis”, destacando o papel da diáspora cabo-verdiana, presente em países como Portugal, Estados Unidos e França, que acompanha e apoia a seleção de perto.
Com a vaga garantida, o país africano se prepara agora para disputar seu primeiro Mundial, levando ao mundo não apenas o talento de seus jogadores, mas também a história de resiliência e orgulho cultural que marca a trajetória de Cabo Verde.