O governo brasileiro enviou uma carta oficial aos Estados Unidos nesta quarta-feira (16), na qual manifesta “indignação” com a decisão do presidente Donald Trump de impor uma tarifa de 50% sobre todos os produtos exportados do Brasil para o território norte-americano.
O documento, assinado pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, e pelo chanceler Mauro Vieira, foi endereçado ao secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, e ao representante de Comércio, Jamieson Greer.
Alerta sobre os impactos econômicos
Na carta, o governo brasileiro afirma que a medida terá efeito “muito negativo em setores importantes de ambas as economias” e poderá comprometer uma parceria econômica consolidada ao longo de mais de dois séculos.
“O comércio provou ser um dos alicerces mais importantes da cooperação e da prosperidade entre as duas maiores economias das Américas”, diz um trecho da correspondência.
O Brasil também ressaltou sua disposição para manter o diálogo, mesmo acumulando um déficit comercial de aproximadamente US$ 410 bilhões em relação aos EUA nos últimos 15 anos.
Proposta brasileira aguarda resposta
O documento menciona ainda uma minuta confidencial enviada em 16 de maio de 2025, na qual o Brasil propôs áreas concretas de negociação. Segundo o governo, até o momento os Estados Unidos não responderam formalmente à proposta.
“O governo brasileiro reitera seu interesse em receber comentários sobre a proposta brasileira e permanece pronto para negociar uma solução mutuamente aceitável.”
A carta deixa claro que o Brasil busca resolver a situação por meio diplomático e reafirma sua postura de boa fé no fortalecimento do comércio bilateral.
Entenda o contexto
A tarifa foi anunciada pelo presidente Donald Trump no dia 9 de julho e deve entrar em vigor em 1º de agosto. O motivo alegado pelos EUA é a suposta ameaça à liberdade de expressão, após decisões da Suprema Corte brasileira envolvendo plataformas digitais.
A medida afetará diretamente setores estratégicos das exportações brasileiras, como celulose, aviação, autopeças e agronegócio. Empresas como Embraer, Suzano e Tupy já demonstraram preocupação com os efeitos financeiros.