O Censo 2022, divulgado nesta sexta-feira (4) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), destaca as dificuldades enfrentadas pela população indígena brasileira, que apresenta alarmantes índices de analfabetismo e condições de habitação precárias. A pesquisa revelou que 1.694.836 pessoas se identificam como indígenas, representando 0,83% da população total do Brasil. Dentre elas, 622.844 vivem em terras indígenas (TIs), e 1.071.992 fora dessas áreas. Os dados também apontam para a baixa taxa de registro de nascimento em cartório, uma questão crucial para a cidadania.
Analfabetismo é duas vezes maior entre indígenas
A taxa de analfabetismo entre a população indígena é de 15,05%, mais do que o dobro da média nacional, que é de 7%. Nas terras indígenas, essa taxa sobe para 20,80%. O levantamento revela que:
- 42,88% dos indígenas com mais de 65 anos são analfabetos.
- No Censo de 2010, a taxa de analfabetismo para os indígenas era de 23,40%.
- Regiões como Norte (15,27%) e Nordeste (18%) apresentam taxas de analfabetismo superiores à média nacional.
Condições habitacionais alarmantes
O Censo identificou que apenas 63,21% da população indígena tem acesso a água dentro de casa, e nas TIs, esse percentual cai para 30,76%. Em relação ao saneamento:
- 5,06% dos domicílios indígenas não têm sanitário, subindo para 18,46% nas TIs.
- A coleta de lixo é feita em apenas 55,27% dos lares indígenas, e nas TIs, o número é ainda menor, apenas 13,78%.
- 95,59% das residências em TIs apresentam pelo menos uma precariedade relacionada a abastecimento de água, esgoto ou lixo.
Registro de nascimento e cidadania
Outro dado importante do Censo foi a taxa de registro de nascimento entre a população indígena. Enquanto 89,12% dos indígenas têm registro em cartório, apenas 85,53% dos que vivem em terras indígenas estão registrados. Os dados revelam que:
- 4,97% dos indígenas têm Registro Administrativo de Nascimento Indígena (Rani).
- 5,42% não estão registrados, e esse percentual aumenta para 8,34% nas TIs.
Esses dados mostram a urgência de políticas públicas que garantam educação, habitação digna e direitos básicos aos povos indígenas, assegurando sua inclusão e cidadania.
Fonte: Agência Brasil