Lembram da espuminha no copo dos tios que mencionei no primeiro texto? Bom, chegou a hora dela ser protagonista.
Hoje trago para a mesa uma daquelas polêmicas que sempre aparecem em rodas de conversa, bares e redes sociais: afinal, cerveja com ou sem colarinho?
Para muitos, o colarinho ou a espuma é um detalhe estético, quase dispensável. Há quem peça o copo “cheio até a boca”, como se a espuma fosse um desperdício. Mas do ponto de vista técnico, sensorial e na opinião deste colunista que vos escreve, a resposta é clara: sempre com colarinho!
Recebo no meu bar diversos clientes que pedem para que eu sirva o copo sem nenhuma espuma. Pois bem para eles e agora também para vocês vou explanar um pouco sobre os benefícios dela na nossa cerveja.
O colarinho é muito mais do que uma “cobertura bonita”. Ele é parte essencial da cerveja. Uma boa espuma é sinal de uma bebida bem feita, com ingredientes de qualidade e carbonatação equilibrada.
Parte tão essencial que desempenha funções importantes:
- Protege a cerveja da oxidação: a espuma cria uma barreira contra o oxigênio, que, em contato com a cerveja, pode alterar seu sabor rapidamente.
- Ajuda a manter a temperatura: uma camada de colarinho atua como isolante térmico, retardando o aquecimento da bebida.
- Potencializa o aroma: como é formada por bolhas que liberam compostos voláteis, a espuma ajuda a destacar o perfil aromático da cerveja.
- Garante consistência até o último gole: uma cerveja bem servida, com espuma correta, se mantém fresca e agradável por mais tempo.
Além dessas importantes funções para a cerveja, a espuma também desempenha um importante papel no teu corpo no momento da ingestão da cerveja, ela protege o seu estômago e afeta diretamente na absorção de álcool pelo seu organismo.
A cerveja bem produzida e com seu colarinho devidamente servido também impede que o gás carbônico vá direto para o seu estômago, evitando estufamentos, arrotos, refluxos e alguns outros desconfortos gástricos.
Isso não é mesmo incrível?
Em relação ao álcool, quando você consome sem colarinho a liberação de gás carbônico dentro do estômago é maior e isso causa uma reação onde o álcool é absorvido com mais facilidade. Sem contar que com a espuma, você toma mais lentamente, gerando saciedade e não estufamento, o que te faz beber menos.
E qual a quantidade ideal de colarinho? Pode variar de acordo com o estilo da cerveja. Algumas pedem dois dedos de espuma, outras toleram mais. Mas uma coisa é certa: espuma não é desperdício, é cuidado. É sinal de que o copo foi bem servido e de que a bebida está sendo respeitada como merece.
Isso tudo sem contar a beleza que é ver um copo servido com um belo colarinho, que conforme você vai bebendo vai criando dentro do copo um “rendado” ou para os mais entendidos um “lacing” que deixa tudo mais bonito, principalmente porque significa que ali naquele copo existe qualidade.
E se eu talvez não tenha te convencido pela parte da beleza e qualidade a mais que a espuma dentro do seu copo traz, tente reconsiderar pelos benefícios fisiológicos que ela traz.
Então se você ainda torce o nariz para o colarinho, que tal dar uma nova chance? Experimente observar o aroma, a textura e a experiência completa de uma cerveja com espuma bem formada. A diferença pode te surpreender.
Sendo assim te vejo na próxima rodada, espero que com colarinho!
Sáude! E até o próximo gole!