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Colheita deve render 30 milhões de toneladas

Clima favoreceu produção da safra do milho que está no fim da colheita. Em Treze de Maio, agricultores buscam conhecimento em tecnologia de manejo.

Lysiê Santos
Treze de Maio

A crise de escassez do milho que assombrou os produtores da região no ano passado não deve se repetir em 2017. A alta do grão encareceu a produção de carnes que, em 2016, derrubou a rentabilidade das indústrias de processamento de aves e de suínos. Porém, esse ano, o tempo colaborou e os agricultores comemoram a alta produção.

O milho, um dos principais insumos para o funcionamento da gigantesca cadeia produtiva da avicultura e da suinocultura que sustenta o mais avançado parque agroindustrial do Brasil, gera uma riqueza econômica de mais de 1 bilhão de aves e 12 milhões de suínos por ano, sustenta mais de 150 mil empregos diretos e indiretos, e gera bilhões de reais em movimento econômico.

O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), José Zeferino Pedrozo, assinala que o Brasil colherá esse ano cerca de 90 milhões de toneladas do grão (30 milhões na safra e 60 milhões na safrinha) para um consumo interno de 55 milhões de toneladas.

Neste ano, o mercado mundial encontra-se com grandes estoques em face da excelente safra norteamericana de 380 milhões de toneladas. O chamado “estoque de passagem” no fim de ano – 210 milhões de toneladas – foi um dos maiores da história. “Com tanto milho no mundo, as exportações brasileiras serão menores”, prevê Pedrozo. “Portanto, teremos milho farto e a preços acessíveis no mercado doméstico”, comemora.

O dirigente, entretanto, alerta que se por um lado as agroindústrias da carne não serão atormentadas pela falta de milho, por outro lado, é necessário assegurar preços que remunerem adequadamente o produtor. Se isso não ocorrer, a gangorra da alternância entre escassez e alta oferta se repetirá. O preço atual (R$ 33,00) ainda é compensador.

Produtores buscam novas técnicas de manejo
O planejamento da lavoura começa com a escolha da semente e das técnicas de manejo. Atentos às evoluções no mercado tecnológico, os agricultores de Treze de Maio participam todos os anos do Dia de Campo.
Na última semana, a agropecuária Agrotreze promoveu mais um encontro entre técnicos e agricultores que debateram sobre a escolha do híbrido e das mudanças no cenário agrícola. O produtor Antenor Nandi atua há mais de dez anos na produção do milho e comemora a boa colheita da safra. “Ano passado, a seca atrapalhou bastante a produção, esse ano teve chuva na medida certa”, afirma.
O sócio-proprietário da agropecuária especializada em sementes híbridas, Odair de Jesus Raldi, relata que o preço da saca do milho baixou 25% esse ano. “A tendência é aumentar a produtividade e diminuir o preço formando um equilíbrio favorável tanto para o agricultor quanto para o consumidor do insumo”, explica.

Problema na produção de milho é histórico
Em 2005, 106 mil produtores rurais catarinenses cultivavam 800 mil hectares com milho e colhiam entre 3,8 e 4 milhões de toneladas. Nesses dez anos, a área plantada foi se reduzindo paulatinamente. Em 2015/2016, foram cultivados 372 mil hectares de lavouras para uma produção estimada em 2,7 milhões de toneladas. Por isso, Santa Catarina é o Estado brasileiro que mais importa milho – entre 3 milhões e 3,5 milhões de toneladas/ano. “A região Sul é marcada por relevos e terrenos acidentados, o que dificulta o cultivo do grão. A maioria das propriedades são pequenas oriundas da agricultura familiar que usam a plantação do milho como rotação de culturas”, esclarece o assistente técnico da Sementes Agroceres Leandro Furlan. Em Treze de Maio são 1,3 mil hectares de lavoura de milho que devem resultar em 6,9 toneladas por hectar.

Agronomia da Unisul prepara safra de milho para rebanho leiteiro
Cerca de 30 animais/gado leiteiro da raça Jersey geram leite que é comercializado junto a lacticínios da região, na fazenda experimental Agro Veterinária da Unisul, em Braço do Norte. O rebanho também atende as aulas práticas dos cursos de agronomia e veterinária, nas áreas de produção leiteira e derivados do leite, reprodução, sanidade animal, forragicultura, nutrição animal, entre outros.
A Unidade Experimental elaborou a primeira reserva alimentar (na forma de silagem) a partir do milho plantado na safra de verão, de uma área de um hectare. Professores e acadêmicos dos cursos de agronomia e medicina veterinária implantaram e conduzem a lavoura. Mesclando a prática e a teoria, são responsáveis pelo aproveitamento, ou seja, cálculo da base alimentar que a silagem representará na nutrição final dos animais.
No inverno existe escassez de pastos, e com esta reserva alimentar, a unidade terá alimento suficiente para as vacas leiteiras. A fazenda experimental tem mais um hectare de milho plantado que também vem sendo utilizado para silagem nesse mês, totalizando dois hectares de lavoura de verão de milho. “Conceitualmente silagem pode ser considerada como o produto final da fermentação da massa de forragem (no caso a planta de milho) sem a presença de oxigênio, realizada por bactérias, que consomem, principalmente, os açúcares disponíveis no material depositado no silo”, destaca o professor Gilmar Pla.

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