Construção de praça no lugar de presídio divide a comunidade

Os moradores querem a praça, mas há os que desejam a permanência da unidade em função da presença policial.
Os moradores querem a praça, mas há os que desejam a permanência da unidade em função da presença policial.

Tubarão

A possibilidade do atual prédio do Presídio Regional de Tubarão, no bairro Humaitá de Cima, ser reformado para a permanência das mulheres divide opiniões na comunidade. No próximo dia 28, será inaugurado o novo presídio, no bairro Bom Pastor. Após a entrega da nova unidade prisional, somente os homens serão removidos.

Os moradores do bairro Humaitá de Cima reivindicam há bastante tempo que no lugar do presídio seja construída uma praça. Na última terça-feira, o secretário do conselho comunitário de Humaitá de Cima, Clodoaldo de Medeiros, protocolou ofício na câmara de vereadores, com a solicitação de uma audiência com os órgãos competentes (administração municipal, secretaria de desenvolvimento regional, secretaria de segurança pública e deputados) para a discussão do assunto.

O documento reitera que, desde 2005, os moradores levantam a bandeira da destruição do presídio e que o terreno (propriedade da prefeitura) fique à disposição da comunidade. “Tivemos uma reunião esta semana no conselho comunitário, não queremos mais o presídio no local, e depois levei o ofício. No fim do ano passado, o prefeito Manoel Bertoncini nos atendeu e garantiu que o terreno ficaria para a comunidade. Agora, estão com essa ideia de estruturar o prédio e as mulheres permanecerem”, desabafou Clodoaldo.

Secretário garante: não há definição oficial

O secretário de desenvolvimento regional em Tubarão, Haroldo de Oliveira Silva, o Dura, garante que não há nada decidido oficialmente. “Estamos trabalhando para fazer um novo presídio no terreno ao lado do novo para a ala feminina. Essa é a minha proposta. Convencer, sensibilizar o governo do estado, porque a comunidade realmente sofreu, mas, por enquanto, não temos onde colocar estas 60 mulheres. O erro foi há sete anos, de não planejar o feminino junto”, analisa Dura.
Mas, em função da violência em Tubarão, com assaltos frequentes ao comércio, existem pessoas do bairro Humaitá de Cima que desejam a permanência do presídio. “Por nós, poderia ficar aí. É garantia de mais segurança, com a presença direta dos policiais”, avalia a funcionária de um estabelecimento perto do presídio. Outros comerciantes pensam da mesma forma.

Por outro lado, a construção da praça é bem aceita pela comunidade. “Seria bom virar um local de lazer, mas tem que ter estrutura, senão, vira um lugar para usuários de drogas. Hoje, eles vão para os fundos da igreja. Quem garante que não irão para a praça também?”, indaga uma moradora, de 31 anos. Já um aposentado, de 77, diz que a maioria deseja a retirada de tudo, que o presídio saia em definitivamente. “A praça seria o certo. Quanto aos jovens que se drogam, isto não tem mais jeito. Está em todo o lugar”, lamenta o aposentado.