O ex-jogador brasileiro Daniel Alves voltará a ser julgado na Espanha. A Promotoria de Barcelona recorreu nesta quarta-feira (7) da decisão que anulou sua condenação por estupro, levando o caso ao Tribunal Supremo, instância mais alta da Justiça espanhola. A medida acontece após o Tribunal Superior da Catalunha anular a sentença anterior sob alegação de inconsistências no depoimento da vítima.
Promotoria e defesa da vítima se uniram no recurso
O recurso da Promotoria se soma ao que já havia sido apresentado pela defesa da vítima em abril. Ambos os pedidos reabrem o processo contra Daniel Alves, que agora será analisado pela mais alta instância judicial da Espanha, com poderes para rever decisões de todo o sistema judiciário do país — exceto em casos constitucionais.
A primeira condenação, de fevereiro de 2024, havia determinado 4 anos e meio de prisão para Alves.
O Tribunal da Catalunha anulou a decisão em março de 2025.
A Promotoria afirma que a anulação “condena moralmente” a vítima.
Por que o caso foi anulado pela Justiça da Catalunha
Em 28 de março, o Tribunal Superior da Catalunha anulou a condenação de Alves alegando que havia “imprecisões” no processo e que o depoimento da vítima não era suficiente por si só para sustentar uma condenação. A jovem afirma ter sido estuprada por Daniel Alves em uma boate de Barcelona em dezembro de 2022.
Segundo os juízes, a decisão anterior:
Aceitou o relato da vítima sem contrastar com outras provas técnicas, como digitais e DNA;
Ignorou gravações de câmeras internas que poderiam comprovar ou contestar os fatos;
Considerou de forma “subjetiva” o testemunho da denunciante, considerado “não confiável”;
Não atendeu, segundo os magistrados, aos padrões da presunção de inocência definidos pela União Europeia.
O histórico do caso
Daniel Alves foi preso em janeiro de 2023 e ficou mais de um ano encarcerado. Em março de 2024, pagou 1 milhão de euros para obter liberdade provisória. Durante o processo, o ex-jogador mudou sua versão três vezes — inicialmente, chegou a afirmar que nem conhecia a vítima. Já a denunciante manteve o mesmo depoimento desde o início: de que foi estuprada por Alves em um banheiro da área VIP da boate.
Apesar da anulação da sentença, a Justiça deixou claro que isso não significa que a versão de Daniel Alves foi considerada verdadeira, apenas que não se pode confirmar a acusação com as provas apresentadas.
Agora, com o caso reaberto pelo Tribunal Supremo da Espanha, a história ganha novo capítulo e pode resultar em uma nova sentença definitiva.