Tubarão
Nos últimos anos muitos transexuais e travestis estão conquistando cada vez mais espaço na sociedade, muitos ainda vivem sob a sombra do preconceito. No entanto, a maioria tem conseguido mudar esta situação com muita luta e desta forma, alcançado o que é primordial para qualquer cidadão, o respeito.
Hoje, a Rede Nacional de Travestis, Transexuais e Homens Trans, Vivendo e Convivendo com HIV/AIDS (RNTTHP), por meio da Associação LGBTTQI da Amurel promoverá das 17 às 21h, uma reunião pacífica para celebrar o Dia da Visibilidade Trans, em frente ao Museu Willy Zumblick, em Tubarão. Uma das organizadoras do evento é a jovem Pethyne Alves Ouriques.
Há pouco mais de 4 anos, a cantora, compositora, dançarina e coreógrafa, Pethyne Alves Ouriques se revelou transexual. Hoje, aos 24 anos, a artista tubaronense se apresenta em diversos lugares do Brasil com seus shows e também como ativista da RNTTHP. “Comecei há 4 anos, a minha transição. Era o menino gay, porém, que nunca tinha se aceitado naquele corpo. Preconceito enfrentamos todos os dias. Vivemos em um dos países mais transfóbicos do mundo. Só com muita luta a sociedade tem tomado uma consciência maior de que nós existimos”, afirma.
Recentemente, a jovem foi escolhida como coordenadora do setor da juventude da RNTTHP. “Meu trabalho é de orientação e apoio aos jovens. Sempre procurei colaborar com as pessoas. Tenho um amigo, que não aceita o seu corpo. Há algum tempo, ele falou para os pais que queria passar pela transição, contudo, os seus genitores não aceitam nenhuma condição. Eles preferem que o filho seja um usuário de drogas ou que estivesse morto. Infelizmente, esse amigo passou a fazer uso por algumas vezes de álcool junto com medicamentos”, lamenta.
Pethyne conta que o apoio da mãe, Judith Alves Ouriques foi fundamental desde o início. “Um filho não é ‘jogado’ para fora de casa por ser negro, mas para alguns pais por ser transexual ou travesti essa condição é incentivada. Felizmente minha mãe procurou entender e aceitar e ela hoje é uma grande amiga. Graças a Deus, sou acarinhada pela minha família, meus amigos e por aqueles que me seguem nas redes e com muita luta um dia o preconceito e a transfobia com certeza acabarão “, finaliza a jovem que é casada há 2 anos.
O que temos a ver com isso?
O Dia da Visibilidade Trans é comemorado no Brasil desde 2004 quando um grupo de ativistas participou do lançamento da primeira campanha contra a transfobia, promovida pelo Ministério da Saúde. O objetivo era ressaltar a importância da diversidade e o respeito ao Movimento Trans.
De lá para cá, conquistas foram obtidas por essa população. Uma das mais importantes foi o decreto presidencial, publicado em abril de 2016, que autorizou o uso do nome social e o reconhecimento da identidade de gênero de travestis e transexuais no âmbito da administração pública federal. Porém, o Brasil é o país que mais mata transexuais e travestis, o desrespeito às identidades trans acarretam na expulsão dos lares e das escolas.
Consequentemente, essas pessoas são excluídas do mercado do trabalho, o que corrobora com a prostituição e a informalidade como a única alternativa de sobrevivência e contribuindo diretamente para um quadro de vulnerabilidade social. A prostituição como única forma de sobrevivência coloca essas pessoas num quadro de vulnerabilidade social.
Além da exposição de risco à infecções, as pessoas travestis e transexuais também estão expostas à violência, pois a ausência de políticas públicas voltadas para educar a sociedade para o respeito e a valorização da diversidade, a ignorância a respeito das identidades de gênero e de orientação sexual e afetiva são resultados de um país que é laico na Constituição, mas que ainda tem uma forte influência de setores conservadores legitimados por discursos fundamentalistas e dogmas religiosos que excluem a população LGBTQI de direitos e contribuem com o extermínio delas.
Outra informação, que muito preocupa é que a estimativa de vida de uma pessoa transexual no Brasil é de 35 anos de vida, enquanto a da população brasileira é de setenta anos, ou seja, o Brasil condena as pessoas transexuais a viverem a metade pela metade.Sobre esses e diversos assuntos, a Associação LGBTTQI da Amurel promoverá de 27 de fevereiro até o dia 1º de março, o 1º Seminário Regional Sul sobre Segurança Pública, Violências e Violação contra a População de Travestis Homens e Mulheres Transexuais, Saúde e Educação.