Dia do Abraço: solidão é epidemia global

Foto: Reprodução das mídias - Divulgação: Notisul

No Dia do Abraço, celebrado em 22 de maio, o escritor e palestrante Espedito Sousa levantou um alerta importante: a falta de afeto físico e o excesso de conexões digitais têm isolado emocionalmente as pessoas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a solidão como uma epidemia global, e estudos mostram que o isolamento afeta todas as idades, sendo agravado pela vida digital e relações superficiais.

A origem do Dia do Abraço e o alerta 20 anos depois

Criado informalmente em 2004 pelo australiano Juan Mann com a campanha “Free Hugs”, o Dia do Abraço surgiu como um gesto de carinho gratuito. Hoje, duas décadas depois, vivemos uma realidade bem diferente: segundo a OMS, 1 a cada 4 idosos está isolado socialmente, e até 15% dos adolescentes relatam solidão frequente.

  • A solidão pode aumentar o risco de morte precoce em até 29%.

  • O toque físico libera hormônios que reduzem o estresse e a pressão arterial.

  • A ausência de contato humano está ligada a doenças como infarto, AVC e depressão.

A ilusão da conexão digital

Espedito Sousa defende que vivemos um “autoisolamento disfarçado” — estamos conectados por telas, mas desconectados emocionalmente. Ele alerta que a tecnologia nos deu acesso ao mundo, mas nos afastou das relações reais, onde há presença física, escuta ativa e carinho.

“A ausência do toque é como a ausência da luz para as plantas”, afirma Espedito.

A infância e adolescência também estão vulneráveis

Uma reportagem do Profissão Repórter mostrou que até comunidades isoladas estão vivenciando o impacto da hiperconectividade. Em aldeias às margens do Rio Tapajós (PA), crianças que antes brincavam juntas passaram a passar horas vidradas nas telas, isolando-se umas das outras.

O uso excessivo de celulares entre jovens gera isolamento emocional precoce, o que pode afetar seu desenvolvimento social e emocional no futuro.

Epidemia da solidão masculina e relações frágeis

Um fenômeno crescente nas redes sociais é o termo “epidemia da solidão masculina”, indicando que muitos homens têm dificuldades em expressar sentimentos e formar vínculos profundos. Para Espedito, isso vem de uma cultura que associa afeto à fraqueza e ensina os homens a esconderem suas emoções.

“Confundimos força com frieza, e os resultados são relações frágeis e superficiais.”

Amizades superficiais aumentam o distanciamento

O conceito de “amizade de baixa manutenção”, muito comentado na internet, pode parecer moderno, mas esconde um problema: quanto mais justificamos a ausência nas relações, mais solitários nos tornamos. O distanciamento constante leva ao aumento da ansiedade, depressão e até suicídio.

Demonstrar carinho e estar presente são atitudes simples, mas fundamentais para uma sociedade mais empática.

Presença vale mais que presente

A mensagem de Espedito é clara: precisamos reaprender a estar presentes. Um abraço, um elogio, uma conversa sem interrupções podem fazer a diferença na vida de alguém. Ele defende que a educação emocional deve estar nas escolas, nas famílias e até nas empresas.

“Se quisermos vencer a solidão, precisamos nos reconectar com o outro — de verdade.”