A cotação do dólar comercial iniciou esta quinta-feira (10) em forte alta, refletindo os efeitos imediatos da tarifa de 50% anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre todos os produtos exportados pelo Brasil a partir de 1º de agosto. A medida gerou reação imediata nos mercados financeiros.
Logo nas primeiras horas do dia, a moeda americana chegou a ser vendida a R$ 5,61, maior valor registrado no mês. Ao longo da manhã, houve leve recuo, mas ainda assim o dólar fechava em alta de 0,74%, cotado a R$ 5,544 às 14h02.
Reação do mercado
A alta abrupta do dólar é consequência direta da expectativa negativa em relação às exportações brasileiras, que poderão ser severamente impactadas com a nova tarifa. Além disso, há receio de retaliações e de um possível efeito cascata sobre outros parceiros comerciais.
A Bolsa de Valores (Ibovespa) também sentiu o impacto. Investidores adotaram postura defensiva, e o índice operava em queda, influenciado especialmente pelos setores de commodities, siderurgia e papel e celulose — todos fortemente dependentes do mercado externo.
Entenda o contexto
A tarifa de 50% foi oficializada no dia 9 de julho e faz parte de uma nova onda de medidas protecionistas de Trump, que já atingem outros 20 países. No caso do Brasil, a decisão também possui viés político, em meio às recentes declarações do ex-presidente americano sobre o governo Lula e o apoio à figura de Jair Bolsonaro.
“É uma política externa guiada por interesses eleitorais internos, mas que causa instabilidade global”, comentou um analista da XP Investimentos.
Medo de inflação e fuga de capitais
Com o dólar em alta, cresce o risco de inflação importada, especialmente em itens como combustíveis, medicamentos e eletrônicos. Além disso, o temor é que o país sofra com fuga de capitais, o que pressionaria ainda mais o câmbio e os juros.
O Banco Central monitora o cenário, mas até o momento não anunciou intervenções diretas no câmbio. Especialistas acreditam que uma resposta mais firme pode ocorrer nos próximos dias, caso a volatilidade se intensifique.
Cenário de incerteza
A medida dos EUA acendeu um alerta global e promete redesenhar temporariamente os fluxos comerciais. A depender da duração e abrangência da tarifa, o Brasil pode perder competitividade internacional em diversos setores-chave.
Tabela | Indicadores do mercado em 10/07/2025 (parcial)
Indicador | Valor | Variação |
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Dólar comercial | R$ 5,544 (14h02) | +0,74% |
Máxima do dia | R$ 5,61 | — |
Ibovespa | 118.240 pontos | -1,63% |
Juros futuros (DI 2027) | 11,22% | +0,15 p.p. |
A decisão foi comunicada diretamente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e gerou forte reação do governo brasileiro, que promete retaliar com base na Lei de Reciprocidade Econômica, atingindo setores como combustíveis, aeronaves e máquinas industriais — principais produtos exportados pelos EUA ao Brasil.
Motivações políticas e econômicas
Trump justificou a medida como uma questão de “segurança nacional”, mas analistas apontam que a decisão tem forte viés político. O ex-presidente norte-americano reagiu ao tratamento dado pelo governo Lula ao ex-presidente Jair Bolsonaro, seu aliado político, atualmente investigado por tentativa de golpe no Brasil.

– Divulgação: Notisul
Impacto na balança comercial e nas cadeias produtivas
O Brasil esperava que o déficit comercial com os EUA funcionasse como proteção contra medidas desse tipo. A tarifa, no entanto, atinge todas as exportações brasileiras — de commodities a bens manufaturados — e pode desorganizar cadeias produtivas ligadas a setores agrícolas, industriais e tecnológicos.
Retaliação e próximos passos
O governo brasileiro já indicou que usará mecanismos legais para retaliar. A medida está sendo avaliada pelo Itamaraty e pelo Ministério da Fazenda, que também discutem o impacto fiscal e setorial da medida.
“Não aceitaremos medidas unilaterais que afetam a soberania econômica do Brasil”, declarou um porta-voz da Presidência.
O contexto internacional
A guerra comercial promovida por Trump afeta diretamente a estrutura do comércio global:
União Europeia e Índia já indicaram que vão contestar as tarifas na OMC;
Países em desenvolvimento, como Filipinas e Indonésia, veem riscos de recessão em setores chave;
O Federal Reserve (banco central dos EUA) divulgou ata recente sinalizando preocupação com o impacto inflacionário das tarifas, mas ainda prevê cortes de juros no segundo semestre.
Conclusão
O cenário para os próximos meses é de alta incerteza e instabilidade, com repercussões que vão além do comércio, atingindo diplomacia, mercados e política global. A imposição da tarifa de 50% pelos EUA sobre o Brasil é mais um capítulo da crescente fragmentação do sistema econômico internacional.