“O campo catarinense precisa de respeito e soluções reais, não de abandono”
Santa Catarina está entre os oito maiores estados brasileiros que se destacam no agronegócio. Reconhecido pela eficiência produtiva, pela diversidade de culturas e pela forte presença no mercado internacional, o agronegócio representa cerca de 25% do PIB do Estado, sendo que 6,7% do valor adicionado total dos setores econômicos vem diretamente da agropecuária. De acordo com o IBGE (Censo Agropecuário), o estado possui 183 mil estabelecimentos agropecuários, ocupando 6,4 milhões de hectares e gerando quase meio milhão de empregos diretos. Contudo, hoje, este setor, no Estado, vive uma crise que afeta diferentes cadeias produtivas do setor.
Esta semana, a deputada federal Geovânia de Sá (PSDB) liderou uma reunião com o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) para debater o assunto.
O encontro contou com a participação de secretários, parlamentares, cooperativas, prefeitos e representantes de produtores, reunidos para buscar encaminhamentos para os setores do arroz, leite, maçã e banana.
A Coluna conversou com a deputada sobre a atual situação do agro catarinense e sobre suas ações em prol do setor. Confira:
Pelo Estado – Deputada, Santa Catarina tem vivido um momento difícil no agro. O que mais preocupa nesse cenário?
Geovania de Sá – O que mais preocupa é ver o produtor trabalhando de sol a sol e ainda assim acumulando prejuízo. Temos crises graves atingindo o leite, o arroz, a banana e a maçã, todas muito importantes para o sustento das famílias e para a economia catarinense. Os custos aumentaram, o preço pago ao produtor caiu e faltam políticas nacionais consistentes que deem segurança e previsibilidade a quem produz. É uma situação que exige ação e não discurso.
Pelo Estado – E o que a senhora tem feito em Brasília para apoiar o setor produtivo?
Geovania de Sá – Tenho atuado em três frentes: primeiro, na defesa de medidas que garantam competitividade, como a redução de tributos sobre a produção e o transporte de alimentos. Segundo, na pressão por um plano nacional de amparo às cadeias que estão em colapso, como a do leite e da banana. E terceiro, no diálogo com o governo federal e com o Ministério da Agricultura, cobrando respostas rápidas. O produtor não pode ser o elo mais fraco de uma cadeia que sustenta o Brasil.
Pelo Estado – A crise do leite, em especial, tem afetado todo o Sul do país. Qual a sua leitura sobre isso?
Geovania de Sá – É uma crise sem precedentes. O produtor catarinense é eficiente e trabalha com qualidade, mas está competindo com leite importado, subsidiado e muitas vezes sem as mesmas exigências sanitárias. Além disso, há práticas desleais, como o uso de leite em pó reconstituído sendo vendido como leite fluido. Isso destrói o mercado interno. Temos que enfrentar o problema com medidas concretas, como o fortalecimento da fiscalização e o incentivo ao consumo do leite nacional, especialmente nas escolas e programas sociais.
Pelo Estado – E quanto às culturas da banana, arroz e maçã, que também sofrem com o custo de produção e o clima?
Geovania de Sá – São cadeias que precisam de atenção diferenciada. A banana e a maçã enfrentam perdas por causa de eventos climáticos extremos, e o arroz sofre com o preço internacional e a falta de proteção ao produtor. Tenho defendido a ampliação do seguro rural, o acesso a crédito com juros justos e o fortalecimento das cooperativas, que são fundamentais para garantir renda e comercialização.
Pelo Estado – A senhora também é uma das principais vozes na defesa das famílias dentro da APA da Baleia Franca. Como estão os avanços?
Geovania de Sá – A boa notícia é que o parecer da Advocacia-Geral da União (AGU) confirmou o que vínhamos defendendo há anos: é possível aplicar a regularização fundiária (Reurb) nas áreas consolidadas da APA. Isso traz segurança jurídica e dignidade para milhares de famílias que vivem ali há décadas, muitas antes mesmo da criação da APA. Trabalhamos para que essas pessoas tenham acesso a água, energia e infraestrutura enquanto o processo de regularização avança. O meio ambiente precisa ser protegido, mas as pessoas também precisam viver.
Pelo Estado – O que essa decisão representa para Santa Catarina?
Geovania de Sá – Representa justiça e sensatez. Mostra que é possível conciliar a preservação ambiental com o direito à moradia e à dignidade. Estamos falando de famílias que construíram suas vidas nessas comunidades e que agora podem sonhar com um futuro regularizado. Essa vitória é fruto de muito diálogo com o ICMBio, a AGU e as prefeituras, e reforça que Santa Catarina precisa de equilíbrio entre o desenvolvimento humano e a sustentabilidade.
Pelo Estado – Que mensagem a senhora deixa para os catarinenses?
Geovania de Sá – Tenham certeza que vocês não estão sozinhos. Estou ao lado de quem produz, de quem acorda cedo para garantir o alimento na mesa do brasileiro e de quem luta por um pedaço de chão para viver com dignidade. O nosso trabalho em Brasília continua, com seriedade e compromisso, porque defender o agro e as famílias catarinenses é defender o futuro de Santa Catarina.

