sábado, 11 outubro , 2025

Entrevista – Mário Hildebrandt, Secretário de Proteção e Defesa Civil do Estado

“A Defesa Civil de Santa Catarina tem investido em ações preventivas e na melhoria da infraestrutura”

Há pouco mais de uma semana, Mário Hildebrandt assumiu a Secretária de Estado da Proteção e Defesa Civil de Santa Catarina. Com uma vasta experiência adquirida durante seu tempo como secretário de Assistência Social em Blumenau, agora, ele segue para este novo desafio e conversa com a Coluna sobre seus planos para a pasta. Confira:

 

 

Pelo Estado – O senhor acaba de assumir a secretaria a convite do governador Jorginho Mello. Como o convite foi recebido e como o senhor se prepara para este novo desafio?

Mario Hildebrandt – No ano passado, antes do início do processo eleitoral, o Governador Jorginho Mello havia comentado comigo sobre a possibilidade de eu assumir a Secretaria de Proteção e Defesa Civil do Estado. Sempre disse que estaria à disposição se essa fosse sua vontade após o término do meu mandato como prefeito de Blumenau e fico feliz em saber que meu nome seguiu sendo lembrado para a função.

Depois de 7 anos de prefeito, nove enchentes nesse período e crises como a catástrofe de 2008 enfrentadas em Blumenau, conheço na pele os desafios do setor e a importância dele para o Estado de Santa Catarina e por isso trabalharei seguindo para proteger e buscar maneiras de organizar ainda mais a Defesa Civil e as estruturas dos municípios. Vou usar minha experiência enquanto prefeito para estar mais perto das cidades do nosso Estado. Cuidar das pessoas esteve sempre ligada a minha história de vida pública e o trabalho na Secretaria de Estado da Proteção e Defesa Civil seguirá essa mesma linha.

 

Pelo Estado – Já deu tempo para se atualizar sobre as principais demandas e quais as prioridades da pasta?

Mario Hildebrandt – Nessa primeira semana dei prioridade para atender as equipes técnicas da Secretaria e entender as principais demandas de cada setor. O Governador Jorginho Mello lançou o programa “Santa Catarina Levada a Sério” e lá está também a Defesa Civil com várias ações como a dragagem dos rios, a construção das novas barragens de Mirim Doce, Petrolândia, Braço do Trombudo e a manutenção das barragens já existentes. A prioridade é dar sequência aos processos já em andamento e fazer com que os trabalhos da Secretaria sigam seu fluxo. O atendimento aos municípios e a capacitação das equipes, principalmente das equipes que assumiram os postos recentemente. também está entre as nossas prioridades.

 

Pelo Estado – O Governo do Estado autorizou recentemente ordens de serviço para a

manutenção dos 20 Centros Integrados de Gerenciamento de Riscos e Desastres

(Cigerds) e da Central de Emergência da pasta, além da reforma dos diques de

Blumenau. Qual a situação dos Cigerds, da Central de Emergência e dos diques

atualmente e como a reforma impactará na execução dos trabalhos?

Mario Hildebrandt – A reforma dos Centros Integrados de Gerenciamento de Riscos e Desastres (CIGERDs) é fundamental para corrigir problemas estruturais e garantir que esses espaços continuem operando de forma eficaz. As manutenções periódicas são essenciais para preservar a funcionalidade das instalações, que são cruciais para o gerenciamento de riscos e desastres. Com essas melhorias, os CIGERDs estarão mais preparados para receber escolas e entidades públicas e continuar desempenhando seu papel com segurança e eficiência. A Central de Emergência tem o papel de coordenar e monitorar as ações de resposta, aproximando os municípios das operações diárias, o que resulta em respostas mais rápidas e eficazes. Já a reforma dos diques de Blumenau será importante para aperfeiçoar a infraestrutura de proteção já existente, garantindo maior segurança contra alagamentos.

 

Pelo Estado – Quais os pontos mais críticos de Santa Catarina com os últimos

temporais?

Mario Hildebrandt – O ponto mais crítico não está atrelado apenas à região, mas sim às áreas de risco em determinado momento. Sabemos que o Vale do Itajaí, por exemplo, é uma área sensível que já enfrentou grandes desafios com enchentes, enxurradas e deslizamentos. Contudo, estamos cada vez mais focados em minimizar esses riscos por meio de projetos de barragens, desassoreamento e ações preventivas e de mitigação, visando melhorar a segurança e a proteção das comunidades locais. Porém, nos últimos eventos, a chuva causou danos significativos, especialmente no litoral norte e na Grande Florianópolis. O evento extremo que começou em 16 de janeiro de 2025 afetou 23 municípios, com volumes de chuva muito superiores ao esperado para todo o mês.

Em locais como Tijucas e Florianópolis, foram registrados mais de 200mm de precipitação

em um curto período, o que superou a média do mês e gerou impactos muito significativos.

Esse evento atípico provocou alagamentos, enxurradas, deslizamentos de terra e danos

consideráveis à infraestrutura, afetando profundamente as comunidades atingidas.

 

Pelo Estado – E como a Defesa Civil vem trabalhando para tentar diminuir esses

estragos?

Mario Hildebrandt – Além da assistência humanitária imediata, a Defesa Civil de Santa Catarina tem investido em ações preventivas e na melhoria da infraestrutura. Isso inclui o desassoreamento de rios, limpeza de bueiros e córregos, e projetos de construção de barragens, que são essenciais para a mitigação de futuros desastres. O governo também tem investido recursos significativos, como os R$ 38,2 milhões destinados à Defesa Civil em 2024, que estão sendo aplicados em medidas preventivas para fortalecer a proteção do estado e reduzir os danos causados por eventos climáticos extremos.

 

Pelo Estado – No último mês, um temporal não detectado alagou ruas, abriu crateras, derrubou barreiras e interditou rodovias no Estado. Por que exatamente não foi possível prever este acontecimento e qual a real situação tecnológica da Defesa Civil catarinense?

Mario Hildebrandt – Apesar dos avançados sistemas de monitoramento e previsão meteorológica, o evento foi atípico e não pôde ser detectado com precisão, embora tenha sido identificado e um aviso tenha sido emitido na noite anterior ao evento. A estimativa de chuva, no entanto, foi subdimensionada, e os volumes de precipitação superaram as previsões. A Proteção e Defesa Civil de Santa Catarina, em conjunto com a Epagri, emitiu uma nota explicativa sobre a situação, destacando que foram enviados alertas de nowcasting, que complementam as previsões diárias e os avisos emitidos.

Esses alertas de curto prazo têm como objetivo fornecer informações rápidas e precisas para a população, e é importante ressaltar que a equipe da Defesa Civil está disponível 24 horas por dia, todos os dias, exatamente para monitorar e fornecer esses avisos. A ampliação da rede de estações meteorológicas e hidrológicas, com o projeto de instalação de 80 novas estações (30 meteorológicas e 50 hidrológicas), é um passo importante para melhorar ainda mais o monitoramento e as previsões. Essas estações enviarão dados em tempo real a cada 15 segundos, o que aumentará a precisão do acompanhamento da situação e ajudará na resposta mais eficaz a eventos climáticos extremos.

 

Pelo Estado – Já é possível mensurar se os alertas emitidos via SMS para a população

vêm dando resultado? Quais mudanças foram sentidas até agora?

Mario Hildebrandt – A Defesa Civil de Santa Catarina tem aprimorado seus sistemas de alerta, como o SMS da Defesa Civil, que exige cadastro, e o Defesa Civil Alerta, que utiliza a tecnologia Cell Broadcast para atingir todos os celulares na área de risco, independentemente do cadastro. Esses sistemas têm mostrado boa cobertura e eficiência. A ampliação da rede de monitoramento, com novas estações meteorológicas e hidrológicas, também tem contribuído para melhorar a precisão dos alertas, permitindo respostas mais rápidas e precisas, o que reflete na maior segurança da população.

 

Pelo Estado – Quais as prioridades hoje da pasta?

Mario Hildebrandt – A Proteção e Defesa Civil de Santa Catarina tem como prioridade continuar com as ações de infraestrutura de proteção, como o desassoreamento de rios e a construção de barragens em áreas críticas, como Mirim Doce, Petrolândia e Botuverá. Além disso, a reforma e melhoria dos diques em Blumenau e o processo de desassoreamento em Tubarão são partes essenciais do plano de ação. A pasta também está investindo na capacitação das defesas civis municipais para garantir uma resposta rápida e eficaz em situações de emergência, além de fortalecer a estrutura de monitoramento e previsão para proteger ainda mais a população catarinense.

 

 

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