“Nos primeiros dois anos do atual governo federal houve mais investimento nas rodovias catarinenses do que nos quatro anos anteriores”
O deputado federal Pedro Uczai (PT), eleito por aclamação como coordenador da Frente Parlamentar Catarinense para o ano de 2025, conversou com a Coluna sobre a atual situação das rodovias estaduais, o corte de verbas do Governo Federal para a infraestrutura catarinense e falou, ainda, sobre a polarização política que volta a tomar grandes proporções no país e, principalmente, no Estado. Confira:
Pelo Estado – Depois de mais essa tragédia no Morro dos Cavalos, o senhor divulgou que a Frente Parlamentar está em busca de uma solução definitiva para o problema. Qual seria essa solução e como estão as ações?
Pedro Uczai – A Frente Parlamentar está dialogando com o Ministério dos Transportes e com a ANTT para a otimização do contrato de concessão da Arteris por mais 15 anos e dentro dessa renovação de contrato se prevê a obra do Morro dos Cavalos. Nós não vamos aceitar que só façam obras em outras regiões da BR-101 e não se resolva definitivamente o problema do Morro dos Cavalos. Está sendo elaborado também um relatório que vai dar um impacto sobre quanto que vai ser necessário investir na BR-101 Norte, com a renovação da concessão, quanto que vai impactar no pedágio e, ao mesmo tempo, quanto que vai ser necessário investir nesta obra tão importante como a do Morro dos Cavalos.
Pelo Estado – As obras na região do Morro dos Cavalos estão “empacadas” há mais de 10 anos. Já existe autorização para o projeto, já se chegou a um consenso com os indígenas. O que o senhor acha que falta para que tais projetos saiam do papel?
Pedro Uczai – Uma coisa é o projeto, outra coisa é a viabilização da obra. Na concessão da rodovia para Arteris, quando se estendeu de Palhoça até a Praça de Pedágio, na concessão, não se previa a responsabilização da Arteris de fazer essa obra. Então, nós temos um problema a solucionar. Estamos falando de uma concessão privada para uma empresa privada que não tem responsabilidade com a obra, porque não está no contrato de concessão. Por isso temos que fazer essa otimização do contrato.
Pelo Estado – O corte no orçamento para a infraestrutura catarinense anunciado pelo Governo Federal foi recebido com uma certa frustração pelas entidades do Estado. Embora a situação precária das rodovias já venha se arrastando há alguns anos, o senhor acredita que o valor que será destinado a menos para cá irá representar um prejuízo real para o Estado?
Pedro Uczai – Em relação ao orçamento para as nossas rodovias, para infraestrutura do Estado de Santa Catarina, esses R$ 600 milhões é menor do que foi o ano passado e do que o ano de 2023. Mas se a gente comparar com os quatro anos anteriores, os primeiros dois anos do nosso governo federal teve mais investimento nas rodovias catarinenses do que os quatro anteriores. Se a gente pegar a condição das nossas rodovias, de 38% de bom e ótimo, ela ampliou para 71%. E o governo quer elevar este índice para 85,9% das estradas federais em Santa Catarina até o final do ano. Isso acontece graças a esse orçamento, mas ao mesmo tempo nós entendemos que tem que ampliar o repasse dos recursos para Santa Catarina e, por isso, que eu já estive no Ministério dos Transportes para ampliar de R$ 390 milhões de manutenção para R$ 600 a R$ 700 milhões, além das outras obras que estão em andamento no nosso Estado. A bancada catarinense está empenhada em ampliar o orçamento para infraestrutura pro Estado de Santa Catarina.
Pelo Estado – Em relação a segurança nas rodovias de Santa Catarina, como o senhor vê o cenário hoje e quais as ações desenvolvidas pelo Fórum Parlamentar Catarinense para tentar mudar esta realidade?
Pedro Uczai – Quando se fala em segurança nas estradas, o primeiro passo é ter boas rodovias, boa sinalização e boa retenção de velocidade em trechos perigosos, como curvas perigosas. Então, são três atitudes que temos que ter na política pública para as nossas rodovias. O Morro dos Cavalos precisa investigar a causa do acidente, se foi velocidade, se teve problema mecânico, se teve problema humano, o que causou o acidente ou se efetivamente é curva, mas curva com velocidade, então precisa fazer esse estudo, mas, efetivamente, precisa de segurança nas nossas estradas catarinenses, fazendo o quê? Modernizando e dando segurança com boas rodovias na pista, boa sinalização e retenção de velocidade onde tem risco de acidente.
Pelo Estado – Na sua opinião, quais os pontos mais críticos da infraestrutura catarinense atualmente? E quais os projetos em desenvolvimento pelo Fórum, hoje?
Pedro Uczai – Os pontos mais críticos da infraestrutura catarinense se refere a BR 101, que são as obras necessárias na mobilidade urbana na região de Itajaí, Balneário Camboriú e Joinville, o Morro dos Cavalos como uma obra estruturante fundamental e definitiva. Segundo, é a continuidade da duplicação da BR-470 e da 280. É construir uma solução para depois investir em obras no lote 1 da BR-280, em São Francisco do Sul, no primeiro lote, no lote número 1. Esse é um ponto importante
No extremo Oeste, a ponte sobre o Rio Uruguai em Itapiranga, Barra da Guarita, o grande elevado no entroncamento da BR- 282 com a BR-153, no chamado Trevo do Irani, são pontos e a conclusão da BR-285 no extremo sul catarinense. Então, são obras necessárias e a continuidade, evidentemente, da manutenção e da modernização das BRs 163, 282 e os estudos de duplicação da 470, da 282 e da 280.
Pelo Estado – Como o senhor encara essa polarização política e as últimas ações do Governo Estadual em relação ao Governo Federal?
Pedro Uczai – Quando eu fui prefeito, eu tinha que ser um bom prefeito e governar a cidade. Como deputado, tem que ser um bom deputado, mostrar resultado, ações concretas. Quando o governador elege um outro governo como inimigo, quem perde é o Estado de Santa Catarina. Quando outros governadores, inclusive de direita, de extrema direita, se relacionam com o governo federal, fazem parceria com o governo federal. O governador de Santa Catarina diz que não precisa do governo federal. E faz muita demagogia, faz muito proselitismo político. Fala em estadualizar a rodovia federal quando não dá conta das suas rodovias estaduais. E vou dar um número como exemplo: mais de 1.000 km de estradas nas rodovias estaduais não têm asfalto. E são rodovias estaduais, são SCs, além de várias com problemas de manutenção das atuais rodovias asfaltadas.
Então, não dá para fazer proselitismo político, polarização política, ao invés de governar Santa Catarina, ao invés de buscar a parceria junto do governo federal para enfrentar os problemas de Santa Catarina. Quem perde é o estado quando seu governador elege um outro governo como inimigo.