As exportações catarinenses aos Estados Unidos caíram 54,9% em setembro de 2025, primeiro mês integral sob o impacto do tarifaço imposto por Washington. O estado vendeu US$ 78,7 milhões ao mercado norte-americano, uma redução de US$ 95,9 milhões em relação ao mesmo período do ano passado.
Com a forte queda, os EUA deixaram de ser o principal destino das exportações de Santa Catarina, passando para a quarta posição, atrás de China, México e Argentina.
Setores mais afetados
Entre os produtos com maiores perdas, destacam-se:
Motores a pistão e partes: -55,7%
Manufaturados de madeira: -53,4%
Bombas e compressores de ar: -42,3%
Partes e acessórios de veículos: -23,9%
Geradores elétricos: -12,7%
Os segmentos de móveis, folheados e aglomerados de madeira também registraram retração entre 11% e 27%, conforme dados da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc).
Impacto no emprego industrial
O presidente da Fiesc, Gilberto Seleme, alertou que a manutenção do tarifaço em 50% está prejudicando severamente a indústria catarinense, com reflexos no emprego.
“A manutenção do tarifaço já prejudica seriamente as exportações catarinenses para os EUA, com repercussões graves, como demissões. Dados de emprego já mostram perda de vagas na indústria”, afirmou Seleme.
Produtos que cresceram
Apesar do cenário negativo, alguns setores conseguiram ampliar as vendas externas, como:
Máquinas e aparelhos elétricos: +94,8%
Aparelhos para ligação e conexão de circuitos elétricos: +40,8%
Esses produtos ganharam espaço em mercados alternativos e compensaram parcialmente as perdas em outros segmentos.
Balança comercial catarinense
No total, as exportações de Santa Catarina somaram US$ 1,1 bilhão em setembro, queda de 1,2% frente ao mesmo mês de 2024.
De janeiro a setembro, o estado acumula US$ 9 bilhões exportados, um crescimento de 5,1% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Principais produtos exportados no acumulado de 2025:
Carnes de aves: US$ 1,5 bilhão (+8,4%)
Carne suína: US$ 1,3 bilhão (+14,5%)
Soja: US$ 447 milhões (-12,1%)
As importações somaram US$ 2,9 bilhões em setembro (+2,1%) e US$ 25,4 bilhões no acumulado do ano (+2,5%), com destaque para cobre, fertilizantes e autopeças.
Contexto
O tarifaço norte-americano foi adotado pelo governo de Donald Trump como parte de uma política de retaliação comercial e de proteção à indústria dos Estados Unidos, após tensões com o Brasil relacionadas a decisões judiciais e medidas que afetaram empresas norte-americanas.