Exportadores brasileiros de mel enfrentam recuo de clientes nos Estados Unidos após o anúncio de uma tarifa de 50% por Donald Trump. Enquanto parte das cargas foi liberada, outras toneladas permanecem paradas nos portos, à espera de definição.
Suspensões e renegociações com clientes dos EUA
O anúncio de uma tarifa de importação de 50% sobre produtos brasileiros, feito pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, provocou uma reação imediata no mercado exportador de mel. Compradores norte-americanos recuaram de contratos e solicitaram a suspensão de embarques, temendo receber os produtos após a entrada em vigor da medida, prevista para 1º de agosto.
O impacto atinge diversos grupos empresariais em todo o país, com cargas paradas em portos e negociações sendo revistas. Parte dos embarques foi retomada após apelos dos exportadores, mas o cenário ainda é de instabilidade.
“Eles estão exigindo que toda a carga chegue antes da nova tarifa. Ninguém quer assumir um custo adicional de 50%. Estamos fazendo o possível para acelerar os envios, mas dependemos de logística e liberação nos portos”, afirmou Samuel Araújo, CEO de um dos grupos afetados.
Prejuízos logísticos e risco de perdas
Em um dos casos, cerca de 95 toneladas de mel orgânico foram embarcadas após intervenção direta dos produtores junto aos clientes americanos. Os contêineres já estavam em um porto no Ceará, prontos para embarque. Mesmo assim, houve recuo por parte dos compradores, que decidiram assumir o risco de parte do produto chegar já sob tarifação.
Outras remessas, como uma carga superior a 500 toneladas, ainda não têm previsão de envio. As negociações continuam, e os exportadores buscam alternativas para evitar prejuízos maiores.
Contratos em vigor, mas incerteza preocupa setor
Apesar dos entraves logísticos e comerciais, os contratos entre exportadores brasileiros e importadores americanos continuam válidos. Contudo, os empresários afirmam que, se a tarifa de 50% for mantida, muitos negócios se tornarão inviáveis.
“A proposta é dividir o impacto entre as partes envolvidas. Mas é preciso ter clareza sobre a vigência e os efeitos da medida. Nenhum lado quer arcar sozinho com esse custo”, explicou um representante do setor.
Produção pressionada por estiagem e custos
Além dos efeitos externos, o setor de apicultura também lida com uma estiagem severa que compromete a produção nacional de mel em 2025. A estimativa de queda chega a 40%, agravando ainda mais a situação dos produtores e exportadores.
Os Estados Unidos consomem cerca de 80% do mel exportado pelo Brasil. Em 2024, o país registrou uma das maiores exportações da história, com destaque para as cooperativas e empresas do Nordeste e Centro-Oeste.
Agora, com a ameaça tarifária, o setor teme perder competitividade no mercado internacional.
Exportadores pressionam por revisão da tarifa
Entidades do setor produtivo e representantes comerciais já buscam apoio junto ao governo brasileiro para negociar com autoridades norte-americanas. O objetivo é minimizar os danos e, se possível, retirar o mel da lista de produtos atingidos pela nova tarifa.
O clima entre os exportadores é de cautela. “Estamos trabalhando para garantir que o setor continue exportando, mas o cenário é delicado. O custo de 50% inviabiliza praticamente todas as operações”, concluiu um empresário do ramo.
