
Mirna Graciela
Capivari de Baixo
O ex-prefeito de Capivari de Baixo, Nilton Augusto Sachetti, foi preso nesta terça-feira no Instituto Psiquiátrico de São José, na Grande Florianópolis. Ele foi condenado há 5 anos e 10 meses de detenção, em regime semi-aberto, por desvio de verbas públicas. Conforme a denúncia do Ministério Público, a ação é referente a crimes cometidos em 1996, seu último ano de governo.
Com o mandado de prisão expedido na quinta-feira da última semana pelo juiz Antônio Carlos Ângelo, de Capivari de Baixo, a Polícia Civil iniciou as investigações para localizar o ex-gestor. “Sabíamos apenas que ele estava hospitalizado. Trabalhamos com duas linhas para descobrir a instituição. Nosso foco foi mapear clínicas de tratamento contra depressão e para problemas cardíacos. E acertamos”, relata o delegado Nazil Bento Júnior, que coordenou os trabalhos.
Segundo ele, foi identificado o local e dois investigadores deslocaram-se para São José. “O médico nos repassou que ele receberia alta e que sua internação ocorreu por conta própria, há cinco dias. Durante a prisão, ele não foi algemado e teve todos os direitos constitucionais respeitados”, sublinha o delegado.
Nilton foi encaminhado à delegacia de Capivari de Baixo para os procedimentos e, em seguida encaminhado diretamente ao Presídio Regional de Tubarão, onde está atualmente.
Para o delegado, a ação ocorreu sem transtornos. “Nossa função foi o cumprimento do mandado. As pessoas dizem que a ‘justiça tarda, mas não falha’. Não são os promotores e juízes, mas sim a legislação que oferece vários recursos, o que propicia a demora nos processos”, fundamenta o delegado.
O caso
O ex-prefeito de Capivari de Baixo, Nilton Augusto Sachetti, foi condenado pelo crime de desvio de verba pública ao apropriar-se indevidamente de R$ 404.977. Os delitos foram cometidos ao longo de 1996, último ano de sua gestão. O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), autor da denúncia, apontou que Sachetti sacou valores por meio de 187 cheques destinados à prefeitura, em datas diferentes, em um montante de R$ 245.059 mil, e apropriou-se de mais R$ 159.918 mil, retirados por meio de ordens bancárias.
Em sentença proferida pela comarca de Capivari de Baixo em 2007, o ex-gestor foi condenado à pena de 5 anos e 10 meses de prisão, em regime inicial fechado. Em apelação ao Tribunal de Justiça (TJ), Sachetti conseguiu a alteração para o semi-aberto. Ele contestou a decisão junto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas o recurso não foi admitido e a ação transitou em julgado.
Em outra ação ajuizada contra o ex-prefeito, o MP demonstrou que Sachetti apropriou-se de um cheque de R$ 73.865. Nesta ação, a pena de reclusão de três anos foi substituída com a prestação de 1.095 horas de serviços à comunidade. Com a prisão dele nesta semana, esta pena antiga poderá ser convertida em privativa de liberdade se não for possível o cumprimento das duas, ou mesmo suspensa para ser retomada após o cumprimento da pena de prisão.
“Ele entrou rico na prefeitura e saiu endividado”
A família do ex-prefeito de Capivari de Baixo, Nilton Augusto Sachetti, está extremamente abalada com a prisão do político. “Ele entrou rico na prefeitura e saiu endividado. Como pode passar por uma situação dessas agora?”, indaga um de seus filhos, Fabrício Sachetti, gerente-proprietário da Madeireira Sachetti, empresa da família.
“Fomos orientados a não falar com a imprensa, mas não aguentamos mais esta situação. Muitos estão sem dormir e tememos pela saúde da nossa mãe. Tanto o Marcelo como o Israel (outros filhos de Nilton) estão desesperados. Nossos filhos, que são adolescentes, passam por situações constrangedoras e não foram mais à escola por conta disso”, lamenta Fabrício, sem conter as lágrimas.
Ele revelou que desde 1997 o pai faz tratamento contra a depressão e uma lesão no coração. O filho revela ainda que Nilton chegou a atentar contra a própria vida no ano passado. “Fiz cópias de todos os exames que comprovam isto para levar ao judiciário. Nossa esperança é tirá-lo ainda hoje (ontem) do presídio”, fala Fabrício, esperançoso.