segunda-feira, 4 agosto , 2025

Filho ensina mãe catadora de lixo a ler e escrever: 100 livros lidos

Um filho pode ser o anjo da guarda da mãe? A resposta pode estar na história de amor, dedicação e superação vivida por Sandra Maria de Andrade e Damião, um dos seus 7 filhos.

A catadora de lixo para reciclagem, de 42 anos, é daquelas brasileiras muito, mas muito sofridas. Aos 13 anos ela foi abandonada pela mãe. Depois foi entregue pela avó a um casal que não deixou a menina estudar. Trabalhou na lavoura, fugiu e viveu nas ruas comendo lixo. E com essa idade foi morar com um homem em troca de casa e comida.

Foi pior ainda. Ele a espancava. Em 1996, após ser golpeada a facadas e ter os cabelos arrancados pelo covarde, Sandra fugiu com os 3 filhos que teve com ele. E prometeu: “Com fé em Deus, se sua mãe escapar, macho nenhum bate mais nela”.

A virada

Sandra só aprendeu a ler há 1 ano, graças ao filho Damião Sandriano de Andrade Regio, de 11 anos, que teve no segundo casamento.

Até então ela morria de vergonha cada vez que precisa usar um ônibus e não sabia para onde ele ia: “Eu não sei ler”, dizia ela. E pedia: “Você pode ler pra mim?”.

Sofreu também quando tirou a identidade e precisou colocar a digital no documento porque não sabia assinar seu nome. Isso ela não esquece. Ouvindo desde pequeno a mãe falar da vergonha “muito grande” por não saber ler, o menino prometeu quando tinha 3 anos: “Eu vou aprender e, quando aprender, vou ensinar à senhora”.

Deu certo. Fugindo do destino da mãe, Damião foi estudar. Ver o filho ir e voltar da escola era um dos momentos de alegria de Sandra. Cada dia que Damião chegava, contava a ela, “já morta de cansaço”, tudo o que havia lido e aprendido. Ela se orgulhava: “Ele vai ser o que eu queria ser”, pensava.

Filho-professor

Morando em uma casinha numa rua de areia no Jardim Progresso, periferia de Natal, no Rio Grande do Norte, Damião começou a aproximar a mãe dos livros no ano passado.

Mesmo sabendo que ela estava cansada de tanto garimpar lixo na rua para vender, o menino passou a ler histórias para a mãe e começou a ensinar as letras a ela. “Mãe, mãe, quer ler comigo? É uma historinha. E tem figuras”, dizia para incentivá-la.

Aos poucos ela começou a decifrar as letras do alfabeto e a se desfazer do trauma que tinha a letra “e”. Ela travava, ficava apavorada, porque confundia o “e” com outras letras.

As letras

Damião criou então sua própria forma de didática e desvendou o “e”, explicando que era o mesmo que um “i”, só que fechado e sem o ponto. O “h” virou uma cadeirinha” e o R o mesmo que um B, só que “aberto”.

Assim o menino ensinou as letras do nome dele e as letras do nome dela. Até Sandra aprender a escrever. “Quando eu aprendi, disse: vou fazer outra identidade que é pra quando chegar nos cantos eu dizer: eu sei fazer meu nome. Pra mim, já era tudo eu saber. Chegar lá, o povo dizer assine aqui e eu dizer: agora eu já sei, não sinto mais vergonha”.

Escrever o próprio nome foi uma conquista. A palavra “mãe” também. Em uma reunião da escola, Sandra “morreu de felicidade” ao assinar a primeira vez como responsável da criança. “Tinha que escrever o que eu era dele. Eu escrevi mãe, caprichado, bem grande”.

100 livros lidos

O filho-professor insistia nas aulas e queria mais para a mãe. “Eu quero ver ela aprendendo comigo. Quero que aprenda as palavras que ela sente aqui dentro. Ela gosta de falar amor, paixão. Já sabe um monte de palavras. Ela sabe as mais simples”.

Hoje os dois já leram juntos 107 livros, se considerados apenas os contabilizados na escola, fora os que Sandra encontrou no lixo. Ela diz que seu preferido é “é Ninguém nasce genial“.

“Escrevi meu nome nele. Porque ninguém nasce gênio. Porque eu achava que não precisava mais saber, achava que era tarde pra saber”.

Para Damião, outro livro foi mais impactante. Tratava da história de um anjo que vivia acorrentado e só conseguiu se libertar quando ensinou um ser humano a rezar e os dois viraram amigos. É tipo eu e minha mãe. Eu estou ensinando uma coisa a ela e ela me ensina outra. Eu era novinho, ela me cuidava, eu cuidava dela. Ela dava um abraço em mim eu dava dois. Foi assim que nós começamos a nos amar”.

Agora, aos 42 anos, Sandra está saindo da estatística dos adultos analfabetos do mundo.

Dados divulgados na semana passada pela Unesco, Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura mostram que existem 758 milhões de analfabetos no planeta. Gente que, com certeza, não teve na vida um anjo chamado Damião!

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