O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, trocaram farpas entre domingo (6) e segunda-feira (7), após a cúpula do Brics realizada no Rio de Janeiro. A tensão diplomática ganhou força depois de declarações de Trump contra o bloco e em defesa de Jair Bolsonaro.
Durante a cúpula, que reuniu líderes de países emergentes, Trump usou sua plataforma Truth Social para criticar o sistema judiciário brasileiro, afirmar que Bolsonaro sofre “perseguição” e anunciar tarifas contra nações alinhadas ao Brics. Lula respondeu duramente, sem mencionar nomes, e reafirmou a soberania brasileira.
O que Trump disse
O ex-presidente americano afirmou que Jair Bolsonaro, réu por tentativa de golpe de Estado, “não é culpado de nada” e estaria sendo alvo de perseguição política. Ele prometeu acompanhar o caso de perto e anunciou que, a partir de 1º de agosto, acordos comerciais com países “alinhados a políticas antiamericanas do Brics” serão renegociados, com possibilidade de tarifas de até 10%.
Segundo Trump, ainda há tempo para os países “reconsiderarem” antes que as tarifas entrem em vigor. A declaração ocorre após a divulgação da Declaração do Rio de Janeiro, documento final da cúpula do Brics, que critica ações unilaterais que distorcem o comércio e manifesta apoio à causa palestina e ao multilateralismo.
A resposta de Lula
Sem mencionar Trump diretamente, Lula afirmou em publicação nas redes sociais:
“A defesa da democracia no Brasil é um tema que compete aos brasileiros. […] Não aceitamos interferência ou tutela de quem quer que seja.”
Em entrevista à imprensa durante o evento no Rio de Janeiro, Lula foi ainda mais direto:
“Que deem palpite na sua vida e não na nossa.”
Reações do governo e do STF
A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, também se posicionou:
“O tempo em que o Brasil foi subserviente aos EUA foi o tempo de Bolsonaro.”
O advogado-geral da União, Jorge Messias, reforçou a defesa da soberania nacional:
“A soberania brasileira não se negocia.”
Ministros do Supremo Tribunal Federal preferiram o silêncio institucional, mas nos bastidores, um deles classificou as falas de Trump como “risíveis” e afirmou que o Judiciário brasileiro funciona melhor que o americano.
Bolsonaro réu por tentativa de golpe
O ex-presidente Jair Bolsonaro é réu no STF por tentativa de golpe de Estado após sua derrota nas eleições de 2022. Ele foi declarado inelegível pelo TSE em 2023 por abuso de poder político e uso indevido da máquina pública.
Mais de 490 pessoas já foram condenadas por participação nos atos golpistas de 8 de janeiro. A ação penal contra o núcleo político responsável pelos atos está em fase final no Supremo.
Brics reforça soberania e critica unilateralismo
O documento final da cúpula do Brics, chamado Declaração do Rio de Janeiro, destaca:
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Apoio ao multilateralismo e à ONU;
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Rejeição a ações unilaterais no comércio, como tarifas e sanções;
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Defesa da criação de um Estado palestino com Jerusalém Oriental como capital;
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Condenação aos ataques em Gaza, Irã e Rússia (sem citar EUA ou Israel).