quarta-feira, 30 julho , 2025

Morador de rua que catava lixo ganha emprego de garçom e vira modelo

Morador em situação de rua, vivendo da reciclagem em São Paulo, dormia em albergues e viu sua vida se transformar em poucos dias. Há duas semanas, o paulistano Ricardo Lacerda, de 31 anos, varria a calçada do restaurante Canuck’s Poutinerie, na Vila Mariana, na capital paulista.

Ele tentou vender uma mochila que encontrou no lixo para chef Carey Evans. Percebendo o sotaque da chef que é canadense, Ricardo falou com ela em inglês. Surpresa, ela deu uma oportunidade: convidou o rapaz para trabalhar como garçom.

Depois de uma entrevista formal no dia seguinte, Lacerda foi contratado. “Decidimos dar uma oportunidade a ele”, conta Luana Desie, outra proprietária da Poutinerie. “Estava passando com material de reciclagem e ofereci algo que tinha encontrado, uma mochila. Ela não quis, mas disse que tinha um emprego. Fiquei muito feliz!”, lembra ele.

A beleza de Ricardo também chamou atenção das donas do restaurante.

Redes sociais

Luana tirou uma foto do jovem e postou no Facebook e agora ele já está com entrevista marcada, graças a publicação. “Se alguém precisar de modelo ou ator para comerciais, catálogo, etc, nosso garçom, Ricardo (morador de rua), está buscando oportunidades”, diz o post.

“Ele está procurando por oportunidades para crescer, e achamos que a beleza dele seria um diferencial”, afirma Luana.

História

Nascido na capital, o paulistano de 31 anos não morou sempre na rua. Até os 19 anos, ele vivia com a família no bairro do Paraíso. Por causa da relação difícil com o pai, acabou saindo de casa e perdeu o contato com os parentes. “Queria fazer faculdade de educação física, mas meu pai dizia que se eu quisesse estudar precisaria sair de casa”, lembra.

Ricardo entrou no ensino superior, em Administração, mas manter a rotina de trabalhar como vendedor em uma loja de roupas e conciliar os estudos ficou insustentável financeiramente. “Não estava dando certo, abandonei a faculdade.”

Ricardo sobreviveu da reciclagem nos últimos 4 anos. “A venda dos materiais dá dinheiro, mas não é o suficiente para pagar um aluguel”, explica. Das dificuldades que enfrentou, ele lembra que o frio é o maior inimigo. “É bem difícil, e quando chove então… Não se pode dormir em qualquer lugar. Quando o rapa, a polícia, chega e só corre-corre”, lembra..

Mesmo com todos os problemas, Ricardo explica que nunca deixou de lado os velhos hábitos. “Gosto muito de malhar”, conta ele, que utiliza os equipamentos de exercícios da prefeitura espalhados pela cidade. Além do corpo, vem também a preocupação com a alma. “Medito bastante, mesmo morando na rua”, relata.

Prisão

Ele trabalhou como garçom, entre outros bicos, até que com 21 anos acabou preso. “Fui pego com maconha, mas era para consumo próprio”, afirma.

Após quatro anos de prisão, com diversos habeas corpus negados, Ricardo conseguiu responder em liberdade em 2014, depois da decisão parar no Supremo Tribunal Federal e a pena ser extinta no mesmo ano.

Depois de sair da prisão, aos 24 anos, juntou o dinheiro que tinha e decidiu recomeçar a vida na Irlanda. “Lá trabalhava de bicicleta, levando gente para passear. Era muito bom. Seis horas pedalando por dia”, lembra.

Conheceu uma brasileira, com quem teve uma filha. “Ela escondeu de mim a gravidez por um tempo, e voltou para o Brasil.” Foi então que Ricardo decidiu voltar para o Brasil, aos 28, em busca da filha.

“Ela não me deixou ter contato com a menina e como não me registrou como pai, não tenho direito legal”, reclama. Foi aí que o jovem entrou numa depressão profunda. “Tive dificuldade de conseguir um trabalho”, lembra.

Pra piorar, Ricardo levou um calote de uma mulher em um projeto no qual investiu boa parte do seu dinheiro, para a venda de produtos cosméticos. “Não consegui me sustentar e fui morar na rua”, conta.

Modelo

O trabalho coincidiu também com outra ajuda. “Conheci uma família que tem me acolhido, me deixa tomar banho por lá e dormir”, conta. “Me dão amor e carinho, coisas que não tive na minha infância. Sou muito grato às pessoas que estão ajudando a me levantar.”

“Se ele não tiver lugar para dormir, sempre digo que pode falar com a gente”, diz Luana. 

Além do novo emprego, o rapaz vê de forma positiva a possibilidade de conseguir oportunidades como modelo. “Quando tinha 16 anos, fiz trabalhos para marcas como Brooksfield e Renner. Tenho experiência”, lembra.

Com entrevista marcada em uma agência paulistana, Lacerda se vê grato pelo que já mudou em sua vida.

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